abril 18, 2008

Estava a chover, mas não me apetecia estar em casa. Decidi ir para a biblioteca estudar, lá não havia com que me distrair. Enganei-me. É que quando nos queremos distrair, qualquer coisa serve…

Estudei muito pouco, porque estava cansada… quando reparei que estava a adormecer, peguei no caderno e comecei a escrever um texto que me tinham pedido para fazer… também não deu. Comecei, mas estava dispersa e nem aquilo conseguiu prender-me a atenção.

Saí da biblioteca. Estava a chover, mas decidi não fazer disso uma desculpa. Carapuço na cabeça, saí a correr. Andei, corri, abriguei-me aqui e ali. E os pés levaram-me até à igreja. Algo que já queria fazer há algum tempo, mas a preguiça vencia sempre…

Entrei. Estava lá um senhor, que me olhou com cara de espantado… deve ter estranhado estar alguém ali àquela hora e com aquela chuva, ainda por cima da minha idade… decidi não dar importância e fui sentar-me à frente do sacrário.

Na verdade, não sabia porque é que estava ali. Nunca gostei muito de igrejas vazias… e sempre me recusei a acreditar que aquela luzinha ao lado do sacrário dizia mais alguma coisa que “estão aqui umas hóstias consagradas”.

Mas por alguma razão senti necessidade de lá ir. Fiquei algum tempo sentada no banco. Sentia a roupa molhada da chuva e a mochila que tinha deixado cair estava encharcada também…

Tirei o casaco e fui sentar-me no chão, um pouco mais à frente.

Não sei quanto tempo ali estive. Sei que fechei os olhos e comecei a conversar com Ele…

Senti-O bem caladinho, mas a ouvir-me com atenção, no Seu silêncio. Ele sabia… sabia que precisava de deitar tudo cá para fora. Sabia que precisava de Lhe dizer aquilo tudo. E ouviu tudo com um sorriso…

No fundo, a Sua ternura ao olhar-me fazia-me sentir que aquelas desculpas todas que Lhe pedia não Lhe interessavam muito. Sabia que o facto de Lhe pedir perdão por tantas vezes O usar como um simples pretexto para me dizer a mim própria não era importante para Ele, porque já me tinha perdoado há muito…

Mas Ele sabia que eu precisava daquilo. E por isso ficou assim, em silêncio e a sorrir… e no fim… oh, no fim deu-me um abraço tão grande que não queria nada sair dali outra vez para a chuva.

Agora sim, estava calma, estava serena. E percebi porque é que os meus pés me tinham levado até ali… porque quando o coração fala alto, não há pés que lhe desobedeçam.

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