Estar de férias tem vantagens que vão para além de uma pele mais queimada pelo sol.
Uma das vantagens, que aprecio muito, é o facto de me desemaranhar da teia dos acontecimentos que constituem a minha vida e permitir-me olhá-los com outros olhos. Por outras palavras, permite-me reflectir no que habitualmente me passa ao largo.
Por isso, é em férias que a vontade de escrever me assalta mais vezes. Falo, claro, das férias pouco agitadas na companhia do sol e da família, não das aventuras com os amigos, apesar de essas também fazerem bem ao espírito. Mas estas, que estou a viver neste momento, são quase poéticas.
Tudo, tudo à minha volta se faz história em mim. Não sei se isto acontece com os escritores de verdade ou se é só comigo que ainda tenho a esperança de me vir a tornar algo parecido. Tudo, o sol de fim da tarde a bater nas ondas frias que me envolvem o corpo, a pele arrepiada pela noite, o livro que me devorou os dias, aquele filme, as pessoas à minha volta, os pés enterrados na areia e o simples pousar dos mosquitos que não se ensaiam em morder-me a pele. Tudo é uma história que um dia há-de ganhar forma, tudo é uma ideia que não posso perder e uma frase que é música para os ouvidos. Imagino uma história que seja diferente das que já existem, uma que seja minha e diferente. Imagino uma história que não existe mas que é a minha vida a querer ser mais.
Depois penso no ano que me espera. Vou finalmente entrar no curso que há-de me ensinar como se sonha melhor. E depois penso se será realmente aquilo.
Há uns dois anos, não sei bem em que momento, decidi que queria aprender a ser jornalista. Não é sonho de criança. Nunca ensaiei em frente ao espelho uma entrevista com um microfone improvisado. Mas foi a única profissão que encontrei que encaixasse naquilo que quero para mim: uma vida ligada às palavras, porque sem elas não sou eu; uma vida que não caísse em rotinas, sem horários das nove às cinco; uma vida em constante contacto com pessoas; uma vida que me pusesse à prova e me lançasse desafios.
O jornalismo é algo que me fascina por isso, por ser tão completo. Não é que eu leia os jornais de fio a pavio; sim, sei que devia. Mas gosto, gosto de pegar num jornal e folheá-lo, sentir o seu cheiro e imaginar-me a ser parte dele um dia. Gosto de ler um artigo e pensar: eu diria antes doutra maneira. Gosto de pensar que hei-de aprender a comunicar com as pessoas cada vez melhor. Gosto de pensar que hei-de ter uma profissão que me ponha à prova, que me ensine a olhar o mundo com mais atenção.
E gosto de pensar que não hei-de ficar por aqui. Imagino-me a escrever um livro, mas não já. Eu já comecei mil histórias que se ficaram pelo primeiro ou segundo capítulo. Mas nunca consigo avançar, porque nunca é aquela história. E porque acho que ainda tenho muito a absorver, para começar já “mostrar coisas”. É de uma imaturidade demasiado grande escrever um livro por escrever, sem eu estar dentro dele. Um livro para ser livro tem de ter alma.
Tenho pensado muito nestas coisas. Se calhar porque este Verão tomei uma decisão definitiva em relação ao que me hei-de tornar, se calhar porque agora as pessoas questionam-me: “E que tipo de jornalismo queres fazer? Jornalismo de guerra? Desportivo? Político? Jornal ou televisão ou rádio? Jornalismo literário?” – Não sei. Não sei, e para já não quero saber.
Quero apre(e)nder tudo e depois logo se vê. Uma coisa sei: quero fazer algo que me faça sentir plenamente realizada e plenamente pessoa. Não quero um trabalho que não me deixe viver, mas um trabalho que me ensine a viver melhor. Se vou pelo caminho certo? Não sei.
Sei que, neste momento, estou sentada à varanda de uma casinha de madeira, e a noite está escura. A pouca luz que há vem deste computador e de um candeeiro a cinco metros daqui. E sei que há um mosquito que anda a passear pelo ecrã desde que comecei a escrever. Mosquito esse que não vou enxotar, e mosquito esse que espero que não me deixe mais uma borbulha para coçar amanhã.
De qualquer maneira, hoje respiro este ar com que as árvores me brindam e sereno. O amanhã e o depois vêm depois. Agora, deixo-me levar pelas palavras, e deixo que elas façam de mim o que quiserem.
Uma das vantagens, que aprecio muito, é o facto de me desemaranhar da teia dos acontecimentos que constituem a minha vida e permitir-me olhá-los com outros olhos. Por outras palavras, permite-me reflectir no que habitualmente me passa ao largo.
Por isso, é em férias que a vontade de escrever me assalta mais vezes. Falo, claro, das férias pouco agitadas na companhia do sol e da família, não das aventuras com os amigos, apesar de essas também fazerem bem ao espírito. Mas estas, que estou a viver neste momento, são quase poéticas.
Tudo, tudo à minha volta se faz história em mim. Não sei se isto acontece com os escritores de verdade ou se é só comigo que ainda tenho a esperança de me vir a tornar algo parecido. Tudo, o sol de fim da tarde a bater nas ondas frias que me envolvem o corpo, a pele arrepiada pela noite, o livro que me devorou os dias, aquele filme, as pessoas à minha volta, os pés enterrados na areia e o simples pousar dos mosquitos que não se ensaiam em morder-me a pele. Tudo é uma história que um dia há-de ganhar forma, tudo é uma ideia que não posso perder e uma frase que é música para os ouvidos. Imagino uma história que seja diferente das que já existem, uma que seja minha e diferente. Imagino uma história que não existe mas que é a minha vida a querer ser mais.
Depois penso no ano que me espera. Vou finalmente entrar no curso que há-de me ensinar como se sonha melhor. E depois penso se será realmente aquilo.
Há uns dois anos, não sei bem em que momento, decidi que queria aprender a ser jornalista. Não é sonho de criança. Nunca ensaiei em frente ao espelho uma entrevista com um microfone improvisado. Mas foi a única profissão que encontrei que encaixasse naquilo que quero para mim: uma vida ligada às palavras, porque sem elas não sou eu; uma vida que não caísse em rotinas, sem horários das nove às cinco; uma vida em constante contacto com pessoas; uma vida que me pusesse à prova e me lançasse desafios.
O jornalismo é algo que me fascina por isso, por ser tão completo. Não é que eu leia os jornais de fio a pavio; sim, sei que devia. Mas gosto, gosto de pegar num jornal e folheá-lo, sentir o seu cheiro e imaginar-me a ser parte dele um dia. Gosto de ler um artigo e pensar: eu diria antes doutra maneira. Gosto de pensar que hei-de aprender a comunicar com as pessoas cada vez melhor. Gosto de pensar que hei-de ter uma profissão que me ponha à prova, que me ensine a olhar o mundo com mais atenção.
E gosto de pensar que não hei-de ficar por aqui. Imagino-me a escrever um livro, mas não já. Eu já comecei mil histórias que se ficaram pelo primeiro ou segundo capítulo. Mas nunca consigo avançar, porque nunca é aquela história. E porque acho que ainda tenho muito a absorver, para começar já “mostrar coisas”. É de uma imaturidade demasiado grande escrever um livro por escrever, sem eu estar dentro dele. Um livro para ser livro tem de ter alma.
Tenho pensado muito nestas coisas. Se calhar porque este Verão tomei uma decisão definitiva em relação ao que me hei-de tornar, se calhar porque agora as pessoas questionam-me: “E que tipo de jornalismo queres fazer? Jornalismo de guerra? Desportivo? Político? Jornal ou televisão ou rádio? Jornalismo literário?” – Não sei. Não sei, e para já não quero saber.
Quero apre(e)nder tudo e depois logo se vê. Uma coisa sei: quero fazer algo que me faça sentir plenamente realizada e plenamente pessoa. Não quero um trabalho que não me deixe viver, mas um trabalho que me ensine a viver melhor. Se vou pelo caminho certo? Não sei.
Sei que, neste momento, estou sentada à varanda de uma casinha de madeira, e a noite está escura. A pouca luz que há vem deste computador e de um candeeiro a cinco metros daqui. E sei que há um mosquito que anda a passear pelo ecrã desde que comecei a escrever. Mosquito esse que não vou enxotar, e mosquito esse que espero que não me deixe mais uma borbulha para coçar amanhã.
De qualquer maneira, hoje respiro este ar com que as árvores me brindam e sereno. O amanhã e o depois vêm depois. Agora, deixo-me levar pelas palavras, e deixo que elas façam de mim o que quiserem.
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