janeiro 11, 2010

Mundos novos.


Estou a beber um chá com muito açúcar, daqueles da caixinha que me ofereceste um dia nos anos. Ponho sempre muito açúcar, não gosto de sentir o amargo no café, no chá e na vida.

Penso em ti como avô que não abre mão da sua aldeia, e reparo que sou parte dessa aldeia de que não abres mão. Uma vez falava de ti a uma amiga e no meio das minhas reclamações ela dizia: “Mas ainda agora falavas dele como se fosse tudo!”. E esse é o meu problema, é que também não abro mão de ti, habituei-me a que boicotasses as minhas fugas, e acabei por ficar sempre.

Não quero que te canses de ti. Porque o suposto é tu me reclamares cheio de razão e eu cheia de razão dizer que não tens o direito e que eu sou de mim mesma. Não te quero diferente, ou melhor, não precisas de ser diferente para me pertencer, porque não conheço um outro tu. Quero que escolhas diferente porque gosto de ti o suficiente para não te dar palmadinhas nas costas.

Mas isto é o nosso ritmo, percebes? Tu dizes que queres libertar-me, eu digo que quero pertencer-te mais. Depois eu erro, esqueço-me que estás à espera que eu cumpra a promessa, e depois tu erras porque me dizes que erro, e isso significa que não me estás a libertar…

Não percas tempo a condenar-te, porque eu já passei essa parte à frente. Percebe só que há mundos muito bonitos fora dessa aldeia que escolheste como tua! Quando perceberes vais confundi-los com a aldeia que antes era pequenina, porque mundos desses confundem-se facilmente com aqueles que sempre foram a tua casa…

E eu estou aqui. Não sei se até quando fores um avô de verdade, mas entretanto há mundos novos para descobrir…

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