Turismo profissional

Gosto da forma de estar dos turistas.

Passamos anos a dizer "aproveita o agora", "o tempo passa rápido demais", "é preciso aproveitar a vida". Mas o que é certo é que pensamos sempre "um dia vou fazer isto", "aquilo faço amanhã" e "ainda hei-de fazer aqueloutro".
Tenho notado, quando empresto a cama a algum amigo vindo de Portugal, que quando viajamos não há espaço para isso.
Desde que cheguei a Roma, já vi muita coisa. Mas Roma é grande, e eu "tenho tempo". De tudo o que visitei, mais de metade devo-o aos meus amigos turistas que visitam a cidade. O amanhã está sempre bem para visitar algo, porque eu vou estar cá seis meses.
Mas quando alguém está de mochila às costas, com as horas contadas e um avião para apanhar, não há tempo para adiar. Vê-se tudo a passo apressado, para não perder nada. Não se gasta demasiadas horas a dormir ou a ficar sentado no sofá. Prova-se tudo, visita-se tudo, experimenta-se.
Esta maneira de viver, de querer absorver tudo o que está a nossa volta e aprender o mais possível, é a melhor forma de crescermos. E de tornarmos os momentos inesquecíveis, eternizados pelos milhares de fotografias que tiramos.
Um dia, gostava de ser turista profissional. Gostava de fazer turismo em casa, na faculdade ou no trabalho, na rua. Gostava de me espantar e de não perder tempo.
E não porque tenha algum avião para apanhar... só mesmo porque assim vale a pena.