janeiro 04, 2012

Até ao fim do mundo

Acabo com mais um pacote dos viciantes Drostes, umas pastilhas de chocolate deliciosas que o Pai Natal teima em me dar todos os anos. Fecho de vez o documento do Word com os apontamentos de Economia dos Media. “Chega por hoje”, penso, como se hoje tivesse estudado imenso.

Não sei se por preguiça de estudar ou por o meu cérebro estar mais ginasticado na arte de raciocinar, é na época de exames que tenho mais ideias. Às vezes, é só um tema novo para um texto, que não me sai da cabeça enquanto não o concretizar; outras, um pulsar de ideias para novos projetos a concretizar, individualmente ou nos vários grupos que integro; outras, o ressurgir de vontades antigas, que se de repente se tornam urgentes – nem que seja ver um filme qualquer.

É possível que seja a minha perícia a arranjar desculpas para fugir aos livros. A verdade é que, com tanta ideia a fervilhar aqui no andar de cima, resta pouco tempo para absorver a matéria. Mas é nesta época que me entusiasmo mais com o futuro. Se calhar é porque é um fechar de mais um capítulo. E, como diz o outro, “o fim duma fase é sempre o início de outra”.

“Sou quase uma pessoa licenciada”. Repito isto para mim mesma vezes sem conta, a ver se me convenço. Não resulta. As aulas já acabaram. Agora, passando a fase dos exames e dos trabalhos para entregar (com a tareia que levei ao longo do semestre, diga-se, estes não me parecem assim tão assustadores), entro no mercado de trabalho. Ou entro a trabalhar, porque a distância entre “trabalhar” e “entrar no mercado de trabalho” não é propriamente curta.

A luta pelo melhor estágio é feroz. Reina, mais do que a vontade de ir pelo caminho mais fácil, a vontade de aprender. Nunca percebi muito bem aquela gente que gosta de classificar os jovens em geral de irresponsáveis e que clama que o mundo está perdido. A juventude que conheço, com a qual contacto, é uma juventude que quer trabalhar. Que tem sede de aprender, de arranjar uma oportunidade que raramente chega a existir. Li hoje um texto incrível sobre este assunto, que podem ler aqui.

Não tenho medo de trabalhar. Não me assusta servir a uma mesa ou na caixa de um supermercado. Mas o jornalismo é uma paixão de que não quero abdicar. Que faço com ela? Arrasto-a em estágios não remunerados e tento conciliá-la a custo com um part-time qualquer que me dê uns trocos? Vivo para sempre à custa dos meus pais?

Dizem que a crise é uma época de oportunidades, mas também é uma época de desculpas. “Gostava tanto de te pagar, mas não há dinheiro… é melhor trabalhares de borla!”.

Não desisto. Não quero desistir. Dê por onde der, lute por onde lutar, é nisto que quero pôr a minha energia. É disto que são feitos os jovens jornalistas que conheço: não se tornam “frustrados” à primeira dificuldade. Vão até ao fim do mundo para verem concretizados os seus sonhos. E se no fim do mundo não encontrarem, voltam ao início – podem não ter procurado bem.

Fecho mais uns quantos documentos do Word e separadores do Google Chrome: “projeto Academia RTP”; site “Clavezinhas de Sol e Sol Maior”; “Facebook – MEL Maia”. Por hoje, chega de ideias e projetos.

Amanhã, há mais apontamentos de Economia dos Media à minha espera.

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