Tento riscar o ridículo das minhas palavras. Mas inerte, firme, ele fica agarrado a todas elas. Desisto. Uns traços de ridículo nunca fizeram mal a ninguém – pelo contrário.
Não sei o que fizeste com os meus medos. Desapareceste com eles nessa dança que é só tua, e ainda não mos devolveste. Os teus olhos dizem-me que não têm bilhete de volta. Talvez tenhas escondido os meus medos no mesmo sítio onde guardaste os teus. Quero acreditar que os enterraste em alguma morada longínqua, e que não partirás para ir buscá-los a esse chão onde não pertences.
Nesse mundo onde todos os cheiros são bons, as horas são mais demoradas. Passam minutos, horas, e sinto-os com o peso de anos. És-me demasiado familiar - como se nos víssemos com os olhos de dentro, que tornam os ponteiros mais pesados, vagarosos.
Se não fosse demasiado ridículo, diria: não sei de onde vens, e de onde trouxeste tanto céu.
Um comentário:
- que lindo, Inês.
Quando me deparo com palavras tão bonitas, nunca sei como complementar com um comentário, temendo que me falte palavras ou que eu subverta o que realmente queria interpretar.
por isso digo, somente, que lindas palavras. com certeza voltarei outras vezes. grande abraço.
Postar um comentário