outubro 19, 2012

Esperança

Vejo-os ir, deixar lágrimas no aeroporto e no ombro dos seus. Vejo-os escrever cartas ao Presidente da República e a achar que têm todo o direito porque o presidente tem que saber que eles estão a partir. Que não conte mais com eles.

Vejo-os, enquanto espero o Sim milagroso de um país longínquo. Começo a preparar a minha carta ao Presidente da República, e a mala imaginária, e o álbum de fotografias que hei-de levar.

Entretanto, divirto-me a ler anúncios que nunca são para mim. Desculpa, Portugal, não tenho dois anos de experiência na secção das frutas, nem carteira profissional de jornalista, nem falo cinco línguas, nem tenho cinco anos de experiência a escrever artigos sobre tecnologias.

Ainda assim, tenho força e vontade de trabalhar suficientes para deitar as dificuldades todas abaixo. Para aceitar um bocadinho de exploração, desde que não seja escandalosa e me permita fazer aquilo que mais me completa. Não chega?

Então ora bolas, vou pelo mesmo caminho. Não sou de me conformar, ou de chorar sentada no cantinho mais quente do sofá. Há muito mundo lá fora. Dá-me cinco minutos, Portugal, cinco minutos de Esperança para que o Sim chegue. Depois, com o Sim ou sem Sim, o meu país há-de ser tão grande como a minha vontade de Ser alguma coisa.

Um comentário:

Anônimo disse...

só para variar um bocadinho, deveria ser um texto destes a correr por todos os facebooks ao invés de uma carta ao presidente...

cheio de "Pedros" está este país... "Pedros" que estão sempre a dizer o mesmo e que optam sempre pela mesma atitude: fazer malas, guardar álbuns de fotografias, procurar a sorte onde porventura pensam que a irão encontrar...

MAS... falar de Esperança cá dentro é outra conversa, é outro caminho...

e de Esperança o nosso Portugal não está cheio...

MAS com gente nova que ainda consegue ver e viver assim então eu acredito que a Esperança pode ser uma alternativa favorável =)

Obrigada pela partilha =)

Beijinhos

Ana Castro