Uma vez disseram-me: “Olha, sabes que mais, cá para mim Jesus era um doido qualquer que decidiu, num dia em que não tinha mais nada para fazer, dizer que era o Messias e que Deus era pai dele.”
Eu ri-me. Que queriam que fizesse? Que me passasse da cabeça e me pusesse a relatar a vida toda Dele? Que me pusesse a dizer que isso não era verdade porque tinha sido um anjinho a ir ter com a mãe Dele para o meter lá na barriga dela e que os três reis magos até trouxeram presentinhos para Ele quando nasceu?
Não fiz nada disso. Ri-me e disse qualquer coisa como: “então se era maluco e passado dois mil anos ainda há gente a acreditar Nele, era um maluco muito convincente”.
Foi uma resposta estúpida, eu sei. E acho que nem disse com estas palavras. Mas isso agora também não interessa para o caso.
Sabem que mais? Jesus devia ser mesmo maluco. E suicida e masoquista. Porque aquilo que Ele fez, de certeza que mais nenhum com um mínimo de bom senso se atrevia a fazer… acontece que Jesus não devia ter grande bom senso, ou então se tinha não lhe ligava muito.
Vejamos assim as coisas: quando Ele apareceu, já existiam judeus há muito. Há muito que adoravam um Deus que tinham metido algures no céu, bem longe do lugar onde viviam. Há muito que adoravam um Deus que os tinha criado mas que logo a seguir tinha se tinha desmarcado para outro reino completamente diferente deste. Há muito que adoravam um Deus infinitamente diferente de tudo e de todos. Sabiam que eles próprios eram à imagem e semelhança Dele, mas nunca tinham percebido muito bem porquê…
E eis senão quando aparece um sujeito igualzinho a eles, com pernas e braços, que começa a falar como se fosse Deus. Se virmos as coisas por esta perspectiva, percebemos que esta é a coisa mais chocante alguma vez sussurrada por lábios humanos.
Das duas uma: ou Jesus era completamente doido da cabeça ou então veio mesmo para mudar o Mundo. E uma coisa é certa, Ele provou bem que a segunda hipótese era a verdadeira! Porque passados vinte e um séculos ainda estamos a falar Dele! Jesus pretendia Mudar o mundo em função do amor. E era no contacto individual com cada pessoa que conseguia mudar alguma coisa…
A experiência que cada um fazia dele era de tal forma libertadora que eliminava cegueiras, lepras e paralisias que impediam de caminhar… todos ficavam boquiabertos com os seus “poderes mágicos”, que não actuavam de “fora para dentro” mas de “dentro para fora”, revolucionando a vida dos pobres, aqueles que não tinham “coisinhas” a que se agarrar, aqueles que não estavam aprisionados.
Os poderosos nunca o viram com bons olhos. Desprezava as suas leis fechadas e sem sentido e dizia haver apenas uma lei digna de ser respeitada: a do amor.
Defendeu com unhas e dentes esta lei, não cedendo às provocações de doutores da lei, interessados em fazê-lO “escorregar” com as leizinhas que em vez de libertar aprisionavam.
As multidões não lhe diziam nada. Interessava-Lhe cada coração, cada pessoa. Transformava a vida de alguém, quase sempre muito pequenino, cheio de pecado, e seguia o seu caminho. Quando a multidão reparava nas coisas boas que tinha feito, já não estava lá para receber os aplausos, ficava apenas aquele coração mudado.
Não era muito bom a Matemática. As suas graças chegavam sempre para todos, e costumavam sobrar. Bastava um pouco de disponibilidade, e zás! Tudo se multiplicava, tudo abundava.
Não gostava do pecado, mas também não condenava quem o cometia. Perdoava uma, duas vezes, três, quatro, setenta vezes sete!
Morreu a lutar por tudo isto. Não uma luta de armas e força mas uma luta de princípio, uma luta de um coração corajoso. Quis servir de exemplo a todos os que viessem depois Dele, ainda que soubesse que muitos não lhe iam ligar grande coisa. Por isso morreu, por nossa causa, por um Amor pleno e sem “mas” ou “ses”. Morreu para nos salvar. E ressuscitou também por nós, para nos mostrar que valia a pena.
E ainda hoje, passados mais de dois mil anos, continua a salvar-nos. Continua a transformar-nos o coração, continua a libertar-nos de “coisinhas” que nos aprisionam e que não nos fazem felizes. Continua a perdoar, continua a propor-se a nós, sem forçar, sem impor. Continua a bater-nos à porta de leve e a esperar eternidades para que nos decidamos a abrir-Lha.
Continua a querer ressuscitar em nós a cada dia, continua a querer vencer as mortes que Lhe destinamos tantas vezes dentro do nosso coração, sem sequer nos apercebermos disso.
Continua a ser boa notícia, ainda que Lhe queiramos pôr uma boa quantidade de coisas complicadas em cima, ainda que continuemos a achar que é só para os “grandes”, só para os grandes sabedores da matéria.
Continua assim, simples, continua a interessar-lhe apenas o Amor. E é essa a única coisa que quer de nós, que amemos.
Ainda que o queiramos colocar dentro de Bíblias muito bem encadernadas, ainda que o queiramos bem longínquo, com vinte e um séculos de separação, Jesus, o Cristo, é tão actual, tão humano… tanto se humanizou que se tornou divino! Tanto amou que se tornou Deus! E continua a acreditar que somos capazes de ser à Sua imagem, à Sua semelhança!
4 comentários:
Só posso dizer-te MUITO OBRIGADO!
Continua a manter esse Coraçao sempre Vigilante, ok?! Cheira-me que este Jesus de quem falas com tanta amizade te quer revelar um mundo de coisas bonitas e sempre novas... e mais, e mais, e mais...
Garanto-te!!!
SHALOM, linda Inês
ai Inês...
humm...
nem acrescento mais nada, depois das ilustres palavras do ilustre premiado!!!
Agradeço-te, Inês, por seres como és...
... que maravilha de modo de pensar...!
ESPECTÁCULO!!!!
Eh pah está muito fixe!!
E fui... não acrescento mais nada aos dois ilustres comentadores acima...
Muito Obrigado!
... o que eu tenho a aprender contigo!
beijocas grandes
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