in Não te Deixarei Morrer David Crockett - Miguel Sousa Tavares
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Não imaginam o que estas linhas significam para mim. Ganharam um significado especial pelas circunstâncias em que me foram apresentadas, é verdade. Mas acima de tudo fizeram-me pensar em coisas importantes, em coisas que me dizem respeito.
Ao ler este parágrafo, apercebi-me de uma coisa. Apercebi-me que quanto mais acredito em Deus, mais ateia fico. E eu passo a explicar.
Já muitas pessoas passaram na minha vida. Sou nova, tenho só 16 anos, mas já contactei com muitas pessoas, e pessoas muito diferentes. Já conheci católicos, ateus e um ou outro com outras religiões.
Costumo dizer que acreditar em Deus me faz feliz. Mas conheço tantos ateus felizes… e eles não acreditam em Deus! E quantos conheço que acreditam e que são tristes, acomodados? Muitos.
Acho que tem tudo a ver com a forma como cada um encara aquilo em que acredita. A grande maioria dos “não-crentes” são-no porque se recusam a acreditar em dogmas, em fórmulas feitas e em “deuses” que não têm provas de que existam. Por isso, “acreditam em si próprios”!
Perfeitamente legítimo e perfeitamente humano. São por isso infelizes? Não, de todo! Acreditar em nós próprios é indispensável à nossa vida e faz-nos muito felizes, na maior parte das vezes!
Por isso já desisti de fazer os outros acreditar em Deus, do nada, sem terem passado por certas experiências, experiências que eu já tive e que me fizeram crescer na fé.
Só gostava de partilhar convosco o que é, para mim, “acreditar em Deus”. Para mim, acreditar em Deus não é acreditar em dogmas ou fórmulas feitas. Para fórmulas feitas já me chegam as que aprendo de vez em quando na escola e já me dão muito trabalho. Basicamente, e simplificando o complexo, acreditar em Deus é acreditar em mim própria.
Já todos ouvimos dizer milhares de vezes que Deus é Amor. Já todos ouvimos dizer milhares de vezes que Jesus é Deus feito homem. Já todos ouvimos dizer que foi igual a nós excepto no pecado. E sabemos que o pecado é tudo aquilo que é contrário ao Amor, não as coisinhas que os nossos avós tentam meter-nos na cabeça.
Ou seja, resumindo isto tudo, acreditar em Deus é acreditar que podemos ser como Jesus. Que podemos viver segundo o Amor. É acreditar que é sempre possível vencer o pecado. É acreditar que para tudo isto dependemos de nós próprios.
As religiões teimam em achar que são profundamente diferentes umas das outras. Teimam em achar que elas é que estão certas e os outros todos errados. Os ateus teimam em achar que as religiões é que estão erradas. E não percebem que todos são um só e que, nas suas diferenças, acabam por acreditar no mesmo.
Porque é que sou “católica”? Porque preciso de mediações. Porque não cresço em fé sozinha. Porque não sou eu e Deus. Sou eu, o outro e Deus. E porque os meus avós são católicos e os meus pais também! Já para não falar dos bisavós, trisavós e tetravós.
Como diz Ortega Y Gasset, filósofo espanhol, “eu sou eu mais a minha circunstância”. Nós não somos independentes da nossa história ou do ambiente em que vivemos! Por isso eu chamo-lhe “viver ao jeito de Jesus”, o budista diz “viver segundo os princípios de Buda” (acho eu que é isto que eles dizem), o ateu diz “acreditar em si próprio”.
São todos muito diferentes uns dos outros? Cá para mim, acho que não. O embrulho é diferente, mas o presente é o mesmo.
Acima de tudo precisamos de nos sentir amados. E depois, é acreditar que somos capazes de amar sempre, em qualquer “circunstância”.
Vou, por pensar isto, deixar de ser cristã? Nem pensar. Já não vos tinha dito que me fazia feliz?
2 comentários:
Inês,
Li e reli, e acho que ainda vou voltar a ler! Que DELÍCIA!!!!!!!!
Isto é que foi começar o ano em Grande!! O pequenito da foto em baixo, tem cá uma SORTE, com a Madrinha! Ui... QUE BOM!
Um 2008 MUITO FELIZ!
Beijinhos
... e o nosso Bom Deus vai utilizando mediações assim, bonitas e simples para se dizer a todos nós...
Obrigado.
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