fevereiro 25, 2008

Racionalismo e coisas que tais.

Estávamos a falar de um tal de Descartes. Um gajo que racionalizava tudo o que lhe aparecia à frente e que até mesmo o sorriso de uma criança era capaz de pôr em esquemas matemáticos.
Ora o que se segue a isto? Claro está, aqui vai ele provar por A mais B que Deus existe. Uns trocadilhos com perfeição e mais perfeição, eu não sou perfeito logo não posso ter criado um ser perfeito, mas se sou capaz de pensar na perfeição é porque ela existe, e se eu sou capaz de pensar nela só um ser perfeito é que me pode criar. E pronto, aqui está a perfeita receita: qual é o ser perfeito qual é? É Deus, pois claro!
ARHGHGHHRHGHHH.
Isto foi o que eu pensei quando li a sua maravilhosa tese.
É claro que houve discussão, é claro que toda a gente concordou que havia certas coisas que não podíamos racionalizar. E esta era uma delas.
Pois eu concordo plenamente com aquilo que foi dito. E ia falar. Ia dizer o que penso e o que sinto em relação a isto tudo. Mas… não consegui. Se calhar estava toda a gente à espera que eu, como sempre, me pusesse com as minhas teorias. Fala-se de Deus, aí vem a Inês chatear o pessoal!
Mas desta vez não fui capaz. Não porque não soubesse explicar isto, que Deus é indefinível, mas porque sei que sou das únicas pessoas naquela sala que experimenta isto todos os dias. Porque os outros até podem saber que esse “Deus” de que ouvem falar não é definível, mas isso não faz parte da vida deles.
Se calhar, estarão vocês a pensar, por isso mesmo é que devias ter falado! Se calhar. Mas naquela altura não me saiu nada.
Estavam a questionar o facto de a perfeição existir mesmo. Se o ser humano não tem capacidade de atingir a perfeição, não pode defini-la… Porque nunca contactou com ela! E por isso ela não pode ser real. Ou seja, por outras palavras, estavam a dizer que para além de o Descartes ser maluco por estar a querer definir Deus, Ele não existe, e por isso isto ainda é mais estúpido da parte dele.
Como é que se explica a quem está fora que Deus é o meu objectivo de vida? Que sei perfeitamente que é impossível eu viver SÓ segundo o Amor, mas que é por isso que tento lutar todos os dias? Eu atingir Deus é impossível, mas isso não quer dizer que Ele não seja real… É real na medida em que eu O procuro e tento viver ao seu jeito!
E por isso é que não posso por Deus dentro dos meus esquemas. É como dizermos que o nosso objectivo de vida é a Felicidade Absoluta. Mas o que é a Felicidade Absoluta? Nunca ninguém é capaz de dizer, porque sempre que alcançamos determinado objectivo, queremos sempre mais! Nunca estamos bem e felizes com o que temos, porque a felicidade faz-nos cada vez mais exigentes.
É assim com Deus. Nunca posso atingir Deus porque há sempre formas de amar cada vez mais. E por isso Deus é inatingível. Por isso é que tanta gente acha que não é real. Porque o humano não tem capacidade de O atingir. Quer dizer, isto leva-nos a um humano concreto, que é Jesus Cristo. Mas isso não vem muito ao caso.
O que interessa é: Deus existe na medida em que Eu faço Dele a minha vida. Mas não estou à espera de alguma vez o atingir verdadeiramente! Estou à espera, sim, de me ir aproximando cada vez mais.
É que Ele é tão grande, como é que o posso por dentro de mim, da minha cabeça, da minha lógica ou da minha matemática? Ele não cabe em racionalismo nenhum!
Já toda a gente sabe que Deus é Amor. E tentem lá definir o Amor como deve ser. Não conseguem! No dicionário aparecem coisas como “bem-querer”, e outras coisas que tal. Mas são sinónimos tão pobrezinhos, que coitados…
É que há certas coisas às quais não chegamos nem nunca vamos chegar com os neurónios. Tenho pena, se calhar era muito mais fácil, não era? Pois, mas nós não somos nenhumas máquinas, e quer queiramos quer não, aqui pelo andar de baixo é que andam as coisas mais importantes da nossa vida… Sim, pelo coração!
Sabem que mais? Se fôssemos só neurónios, amigos… mais valia darmos todos um tiro na cabeça!

2 comentários:

Anônimo disse...

Cada vez que leio os teus textos aprendo algo de novo, bolas rapariga és um espanto!

tens razao, nao podemos racionalizar nem definir amor ou deus.. e na questao da felicidade, ela nunca é pura.. é uma felicidade passageira que nos deixa ficar sedentos de mais e que leva a vicios.

Pah sinceramente, adoro os teus textos, parabens!

Beijinhos*

The Other Side ~ disse...

Sabes Maria, todos nos concordamos que nem tudo e matematico e neuronios, acho que cada vez mais acredito que pouco nesta vida o é. E posso não viver Deus como tu vives, posso não saber explicar ao promenor como tu o fazes, ou não O sentir da mesma maneira, mas sinto.O, sei que existe, mesmo não O sabendo definir. E posso estar de fora mas nao implica não compreender esse teu Amor , essa tua paixão. Alias , dizia no outro dia a Raquel que es a pessoa que mais gosto de ouvir falar sobre Deus e que é apaixonante esse teu sentimento.

Amo.te *