março 31, 2008


Oh Papá...

Hoje tenho que parar. É que sabes, aconteceu tanta coisa boa nos últimos tempos... o meu coração dá pulos de alegria, e constantemente um sorriso assalta-me o rosto, assim mesmo sem avisar...

Tens acontecido tanto... mas tantas vezes e tão depressa que nem me dás tempo para assentar tanto sorriso!

Vivi-Te tanto nestas férias... foi tudo tão rico... cresci tanto... e depois, olha, fico com medo que isto vá tão rápido como veio. Fico com medo de não conseguir passar do mais "fácil", onde basta dar um pouco de mim e recebo logo tudo em troca, para o mais complicado, onde por vezes até me mato para mudar alguma coisa, dou imenso de mim, e fica tudo na mesma.

E sabes? Às vezes chateio-me comigo própria por causa disto. Não consigo perceber porque é que aqui é tão difícil, e desato a disparatar... não me lembro que os que me rodeiam agora não passaram pela mesma experiência que eu e que por isso não os posso obrigar a agir como se o tivessem vivido! E quando percebo que só eu é que mudei e que tudo o resto está igualzinho, olha, passo-me da cabeça.

É mais forte do que eu... não consigo perceber que as pessoas não estejam interessadas nas minhas histórias, não percebo que tenho é que me calar e começar a agir de forma diferente, porque só assim é que se vai notar a mudança!

Oh Papá, mas isto é tão difícil... é que é lixado comó catano! Ir contra a corrente deixa os músculos num estado...

Olha, só te peço que me ajudes a manter este meu "estado" durante muito tempo. Peço-te que me dês força para isto deixar de ser apenas uma "experiência fantástica que tive numas férias" para passar a ser um ponto de partida para uma mudança profunda!

Sabes uma coisa? Eu tenho muito a mania de Te separar da parte "prática" da minha vida. Mas se esta Páscoa não chamei muito o Teu nome, quero agradecer-Te por mesmo assim estares sempre presente em cada momento, em cada sorriso. Porque, agora que paro, percebo que não foste embora nem um segundo, que estiveste sempre aqui e que daqui não sais nunca.

Papá, só mais uma coisa... hoje começaram as aulas outra vez. Acho que não estava nada preparada para isto. Não para o trabalho, porque eu não gosto nada de trabalhar mas isso ainda aguento. Não estou preparada para a forma de vida que levo quando estou em aulas! Nas férias tenho mais tempo para pensar nas coisas, e acima de tudo para me dar às pessoas, para partilhar... durante as aulas ando tão a correr que às vezes esqueço-me dessa parte!

Hoje vi tanta multidão, papá... ai, eu já não estava habituada àquilo. Pessoas todas coladas umas às outras, aos empurrões para ver quem consegue sair mais rápido do pavilhão para o intervalo... pessoas que nunca vi na minha vida, apesar de estar naquela escola há quase dois anos! Senti-me uma desconhecida ali. Ali, no meio daquela multidão de pessoas umas para cada lado.

Ajuda-me a não me perder no meio das multidões... ajuda-me a encontrar sempre um sentido para tudo o que faço, e a não me deixar levar! Pela rotina, pelo egoísmo de estar fechada em mim mesma, com o pretexto de conseguir tirar boas notas ou de sair mais cedo para o intervalo.

Ajudas-me, Papá?

Vá lá, não posso mesmo perder isto que estou a sentir. Não, não vão conseguir acabar com isto! É forte de mais.

Ficas sempre comigo? Fica... tens aqui um lugar, no cantinho do meu coração.

4 comentários:

David disse...

Só gostava de te dizer como o texto era tal e qual aquilo que penso...

Pessoas a correr para chegar a, no fundo, lado nenhum... Pessoas que correm e se atropelam para chegar primeiro a um sítio...que pela propria definição de primeiro, significa chegar sozinho...

Preferem correr para chegar ao "recreio" antes de todos, e não veem que não vais estar lá ninguém com quem partilhar, não veem que se deixam as pessoas para tras, vão chegar sozinhos... não veem que o importante é chegarmos JUNTOS.

Anônimo disse...

Que bonito o que sentes... és um tesouro escondido no meio da multidão.
Compreendo perfeitamente quando dizes que não percebes o porquê das pessoas não quererem ouvir as tuas histórias.
Sabes, isso acontece comigo também.
Tenho vivido experiências que me deixam tão exultada que as quero partilhar com alguém que me rodeia,mas dou-me conta que não está ao meu alcance faze-las entender porque são pessoas com horizontes muito limitados.Não vale a pena, minha querida te cansares com explicações.Limita-te a testemunhar a tua felicidade e quem sabe assim lhes despertas curiosidade.É assim que eu faço e olha que às vezes resulta.HEIN!Desculpa estou-te para aqui a dar-te concelhos e com toda a certeza sabes melhor do que eu, mas sabes tenho um filho da tua idade e deve ser por isso que me entusiasmei.
Um beijinho grande.

Inês disse...

Oh Mila... eu, saber melhor do que tu? Não me parece...
Sabes uma coisa? Apesar de não te conhecer, porque se passasses por mim na rua eu não ia fazer a mínima ideia de quem tu és, admiro-te muito...
Porque nota-se tanto a preocupação que tens com os teus filhos... quer dizer, só sabia da Marianinha e da Inesita, mas pronto. Vê-se como elas sabem bem o que é realmente importante para elas! E vê-se que te preocupas imenso com o seu crescimento... ou melhor, não é só preocupar. Tu acompanhas de perto o crescimento delas como pessoas! E podes ter a certeza... por este andar, a Marianinha e a Inesita hão-de ser duas pessoas fantásticas!
Olha que não há muitas mães assim, sabes?
Só gostava de ser assim, se um dia vier a ter uma experiência dessas.

Obrigada pelo comentário. Adorei :)

Viana disse...

Eu gosto Maria. Eu gosto de ouvir as tuas histórias. Acho fantástico como não és indiferente às pessoas. Eu gosto de ouvir as historias que me contas, as mudanças. Tudo o que tens para contar e que gostas tanto de contar!