maio 15, 2008

:')

Hoje vi o vídeo de uma viagem que fiz a Tenerife, quando andava no quinto ano. Fui com os meus avós e com a minha prima, a minha inseparável prima. Todos os anos, os meus avós pegavam num dos netos (e ainda pegam!) e levavam-nos de férias, para visitar outro país ou simplesmente para descansar… e por alguma razão nós as duas sempre fomos juntas, ao contrário dos outros netos.
Vocês não estão bem a ver o que senti ao ver aquilo. Para já, aquela foi uma das melhores viagens da minha vida. Diverti-me à grande, com três das pessoas mais importantes da minha vida.
Mas sabem o que vi naquele vídeo? Vi uma criança feliz.
Vi-me com cerca de 10 anos, e só então reparei o quanto mudei desde essa altura. Sempre fui a chamada maria-rapaz, no verdadeiro sentido da palavra. Andava sempre de boné com pala virada para trás, óculos de sol à moda (daqueles bem coladinhos aos olhos), cabelo preso. De vez em quando ainda fazia dois totós bem fashions cheios de elásticos. E a minha cara de criança? É que mudei mesmo! Óculos bem direitinhos na cara, ar angelical a contrastar com as minhas manias de dread estiloso!
Ah ah ah ah, eu ri-me taaanto com aquilo. Eu e a minha prima, que relembrou as suas bochechas fenomenais.
Mas não é para falar da gordura da Rita ou do meu ar angelical-rebelde que estou aqui. Estava eu a dizer que vi uma criança feliz!...
Realmente eu tinha muitas imagens na minha cabeça dessa viagem. Sabia que tinha adorado a semana, com todos os seus percalços… imaginem que andamos uma semana inteira uma hora adiantados! Não sabíamos que em Tenerife a hora não mudava, e chegávamos sempre uma hora mais cedo a tudo… nós bem estranhávamos chegar à igreja para a missa e ela ainda estar fechada, chegar ao pequeno-almoço e estar tudo deserto… enfim, cada vez que me lembro, dá-me uma vontade de rir às gargalhadas da nossa figura…
Essas imagens todas, eu tinha-as. Mas é muito diferente ver agora, com os meus próprios olhos, as coisas já distantes. E hoje percebi porque é que gostei tanto daquilo… porque fui criança a semana toda! Reparem:
Massa é a minha comida preferida. Minha e da minha prima. Pois bem, nós comemos massa TODOS OS DIAS. Almoço, jantar, se houvesse ao pequeno almoço também ia. Comemos sempre o que escolhemos, e não obedecíamos a regra absolutamente nenhuma. Faz mal comer massa todos os dias? É estúpido comer massa todos os dias? Cansa comer massa todos os dias? Talvez, talvez. Mas enquanto não nos fartámos, comemos. Que se lixasse o que os outros pudessem pensar.
No hotel havia actividades para as crianças. A maioria delas eram bastante mais pequenas que nós, até parecíamos matulonas à beira delas. Pensam que por isso nos desmarcávamos das brincadeiras? Pensam que a língua diferente importava? Claro que não, estávamos batidinhas em todas! Vencemos jogos, ganhámos diplomas, pintámos a cara toda, corremos, brincámos. Éramos mais velhas que os outros? AZAR.
Na piscina. Nós passávamos, seguramente, horas seguidas a saltar para a água. Não sabíamos estar mais de dois minutos dentro de água, havia que saltar e saltar e saltar. E chapinar, e voltar a saltar, e rir, e voltar a saltar.
Nas galas à noite. Havia dança outra vez com os mesmos animadores, com música estúpida e com as mesmas crianças. Existia “não gosto de dançar”? “Estou bem aqui sentada”? NEM PENSAR! Íamos para a pista, dançávamos as músicas pirosas, não nos preocupávamos com figurinhas.
Éramos crianças! Totalmente crianças! Não estávamos preocupadas com nada que não tivesse realmente importância. E aproveitámos cada dia ao máximo…
Não sabem as saudades que aquilo me deu. Das alturas em que não havia preocupações, em que não ligávamos a nada que nos prendesse. Das alturas em que éramos livres! Éramos as maiores amigas do mundo, não precisávamos de mais nada a não ser de nós e da nossa amizade. E, claro, os avós ajudaram. Os avós, sempre os avós. Sempre nos demos tão bem, sempre gostámos tanto deles.
Não admira que ainda hoje sejam os nossos heróis.
Vi isto tudo na minha hora de almoço, e podem crer… o resto dia ganhou tanto. A manhã não tinha sido nada de jeito, chegámos a Coimbra para o especial da Praça da Alegria e viemos de requitó para casa, não havia programa para ninguém por causa da chuva. Não cantámos e, ainda melhor, faltei a um teste para nada. Estava portanto muito animada. E aquilo foi um BUM no meu dia.
“Inêêês… ACORDA! Tens que ser criança, deixa lá a perda de tempo da manhã! Estiveste com os teus amigos, não foi assim tanto perda de tempo.”

E fui. E vivi. E sorri. E brinquei. E fui criança.

Ou pelo menos… tentei.

5 comentários:

Anônimo disse...

sabes?.. és linda (:

Anônimo disse...

Tas a dizer o quê? Que quem não tem dinheiro (ou avós com dinheiro) para ir de avião para um hotel com refeições self-service e animação diurna e noturna e mais não sei o quê... não pode ser feliz? É? Não pode ser livre? É isso? É?

Ricardo Ascensão disse...

Fogo!
Aquele gajo "anónimo" ali de cima não gosta mesmo de ti, fogo!

Não sei quem fui que escreveu aquilo...

:D

:P

HEHEHE

Como sempre, Inesita...
A ires buscar os maiores ensinamentos da VIDA ás coisinhas mais pequenas que ela tem...

;) Beijoca*

Inês disse...

Sim, realmente estes anónimos adoram-me...
Oh senhor Anónimo Ascensão, gostaria de lhe dizer que esta experiência seria ainda melhor se em vez de chapinar na piscina chapinássemos em poças de água, se em vez de dançarmos na pista à beira dos meninos estrangeiros dançássemos ao som do vento com os vizinhos da nossa rua e se, em vez de nos pagarem uma viagem, os avós ficassem a olhar para nós da janela com o mesmo sorriso!

Acontece que nós temos a mania das grandezas... Mas somos felizes na mesma :'D

Ah ah resposta poética :P só tenho uma coisa a dizer: TOMA LÁ QUE JÁ ALMOÇASTE!

xD

Beijinhooo *

Ricardo Ascensão disse...

TOMA LÁ QUE JÁ ALMOÇASTE Anónimo Ascensão!

HEHEHE

AMEN, Isa!

;)