maio 17, 2008

Fé e outras coisas que tais


Estava a estudar filosofia. Até agora. Acontece que os filósofos são tramados, e decidiram pôr no meu livro uma afirmação que me deu a volta ao intestino… e em vez de ir à casa de banho, decidi vir para aqui. :D

Então a afirmação foi esta:

“A ciência tem como fim a verdade, não uma verdade absoluta e definitiva como a que se procura na fé ou na metafísica, mas uma verdade possível, aberta e dinâmica, no sentido em que cada problema solucionado irá abrir e colocar um novo horizonte de investigação”.

E o meu comentário a isto é o seguinte: AH AH AH AH AH AH AH!!!!! TÃÃÃO ENGRAÇADO! NUNCA VI UMA COISA TÃO GIRA!

Pronto, Inês, menos!
É que é assim, eu se calhar sou uma mera miúda de 16 anos, mas na minha inocência eu achava mesmo que a fé não procura uma verdade absoluta e definitiva…
Para já temos que ver o que é a fé. Se calhar o meu conceito de fé é um bocadinho diferente da destes senhores, mas a fé que eu conheço não procura verdades absolutas… a fé que eu conheço coloca questões, abre horizontes, é aberta e dinâmica, coloca-nos em questão, move-nos!
Porque a fé que eu conheço não é a crença em doutrinas ensinadas, que temos que engolir porque “são assim, mesmo que não se possam provar”…
Uma crença em algo invisível, sem corpo, mas que existe porque a Bíblia diz!
Não! Não é isso! A fé não é mais do que a permanente descoberta de uma pessoa por outra pessoa. A fé é a crescente relação de amor entre duas pessoas, porque se conhecem mutuamente… a fé não nasce do nada! Não nasce de ensinamentos que os catequistas ou os padres nos dão! A fé é uma experiência própria de amor para com Deus e de Deus para comigo!
E Deus TEM corpo. Apenas não é igual ao meu ou ao teu! Ou melhor, é. Mas às vezes andamos tão distraídos que não reparamos nos pedacinhos de Deus que cada um leva consigo… o corpo de Deus somos nós. E para descobrirmos Deus temos que descobrir as pessoas! Só que temos a mania de nos reduzir a muito pouco… somos pecadores, somos isto, somos aquilo. E então costumamos recorrer Àquele que em toda a História mostrou mais esse pedacinho de Deus que trazia consigo… Aquele que se deixou inundar mais por Ele, ao ponto de os seus “defeitos”, os seus “pecados” nem sequer serem visíveis. Todo Ele era Deus, porque o pedacinho transformou-se num pedação!
A fé é isto. O crescimento desse pedacinho que temos em nós num grande pedação. O conhecimento Dele pelo conhecimento dos outros e do outro de Nazaré, que tinha tanto Dele.
Como é que isto pode ser a busca de uma verdade absoluta? Quando conhecemos uma pessoa, contentamo-nos com o nome dos pais e do irmão, a data de nascimento e a profissão? Contentamo-nos com o que nos dizem? Ou tentamos descobri-la cada vez mais? Amá-la cada vez mais? Descobrir cada pormenor do seu coração? Queremos conhecer profundamente quem amamos ou não? Contentamo-nos com pouco quando toca a pessoas?
Acho que é óbvio… Acontece que quem nunca teve o privilégio de O conhecer tem que arranjar respostas para as coisas estranhas que os que O conhecem fazem de vez em quando! Não percebem as mediações que usam. Não percebem as coisas que dizem. E gozam, ou reduzem isso tudo ao mínimo… vêem tudo vazio, vêem a aparência, e não conseguem compreender. Nada que não seja absolutamente normal.
Por isso, quando começam a falar de dogmas, religiões e verdades absolutas, calo-me, encolho os ombros e penso cá para mim: “ai se eles soubessem… se eles soubessem”.

Vou estudar filosofia :D

2 comentários:

Viana disse...

deves tar com muita vontade de estudar deves...

Anônimo disse...

Como eu te entendo,Inês.