julho 02, 2008

Ainda cá estou :)

O meu tio queria que fizesse aqui o relatório da viagem ao Gerês da qual voltei há umas horas. Queria que falasse do passeio extremamente radical de bicicleta pelo meio das silvas (ainda tenho arranhões!) e a passar por cima de ribeiros, das longas caminhadas de quilómetros pelas vias romanas, a subir e descer montanhas gigantes, do banho no rio, da sardanisca que estava no pano da tenda logo ao acordar, etc. etc.
No entanto, querido tio, uma vez que a tua sobrinha é muito anormal, vai antes falar com Deus :D
É verdade. Enquanto estava no meu retiro com a mãe Natureza, escrevi este pequeno textinho, que pus aqui não sei porquê. Talvez para avisar que ainda estou viva.

Daqui de onde te escrevo dá para ouvir bem o cantar dos pássaros. O vento envolve as árvores e fá-las dançar ao seu sabor, certas de que as raízes não as farão tropeçar.
Falo-te do tempo não porque fica bem começar um texto a falar do tempo, mas simplesmente porque foi o tempo que me fez escrever-te.
Acontece-me muitas vezes. O ar da cidade é muito pesado, muito denso, muito cheio de tudo, e não imaginas como sabem bem os mimos do campo para chegar mais perto de ti.
Há muito tempo que não te escrevo. Desta vez não me condeno, porque não foi esquecimento, não foi dar importância a coisas que não a têm.
Não. Desta vez estive ocupada a conhecer-me. Não a olhar para o meu lindo umbigo, a conhecer-me através dos que amo.
E se calhar escrevo-te agora porque os pássaros me segredaram que me esperavas, ou então porque, quando os que amo me faltaram, já só restavas tu para me ouvir.
Soa egoísta, não soa?
Talvez, ou se calhar é realmente egoísta da minha parte. Sim, é isso. Não é só aparência, é a mais pura das verdades. Escrevo-te porque agora já não há com quem te substituir.
Nunca há, na verdade. Mas tu perdoas sempre, não perdoas?
Já viste, comecei por dizer que o meu esquecimento não é condenável, e aqui estou eu outra vez a pedir perdão por isto e por aquilo.
É sempre assim… olha, ao menos amei. E agora que estou outra vez entregue a mim própria és tu que me faltas! Ainda hei-de descobrir porque é que faltas sempre que é necessário preencher buracos na minha vida.
Parece que já te perdi o respeito. Antes, era maiúsculas em tudo quanto era sítio, para te referir.
Agora és tão meu, tão preciso, tão necessário que já não faço as honras da casa nem visto a melhor roupa do armário para te receber… recebo-te assim, solta, de fato-treino gasto e cabelo mal cuidado. Apenas eu, apenas tu para mim.
E basta. Hoje basta.
Por falar nisso, os pássaros segredaram-me agora que estás comigo, e que hoje és tu o anfitrião.
Obrigada.
Dá cá um abraço.

4 comentários:

Anônimo disse...

És linda,linda,LINDA!!!...

Mas tem cuidado com os passeios radicais de bicicleta,tem cuidado...falo por experiencia própria do meu marido,que também é um "maluco"nisso e desta ultima vez que andou fraturou uma costela,eheheheh se tu visses o que eu vi..

Beijinhos e continuação de boas férias.

Inês disse...

Eu sei beeem o que é isso, Mila, que já parti um braço a andar de bicicleta. E bem partido, com direito a operação, varetas, meses de imobilização, nova operação para tirar varetas...

Acontece que sou maluca o suficiente para repetir a dose até partir o outro xD

hi hi um beijinho :D *

João Cunha disse...

aahah...maluca? xD
Bem deixa-me dizer-te que a bicicleta é o meio de transporte mais seguro do mundo..e olha que eu sei do que falo xD
Apenas umas cambalhotas e uma coisa que não sei o que é no meu ombro que sarou mal...ahah...tava a brincar..foi só o músculo que saiu e não quis voltar pa dentro xD

Além de que é o único meio de transporte em que o burro puxa sentado ahah -.-' okok..

Bem...então ainda bem que andas a pôr a tua forma física em dia porque daqui a pouco levo-te a dar aí uma voltinha..pelo sítio mais bonito pa andar de bicla..Serra da Boa Viagem...fig da foz...
..aha..ou se calhar não, visto que este, tal como pra ti o Gerês foi, é o úncio local em que me consigo encontrar comigo proprio.
Vou para o ponto mais alto da serra, num caminho estreito, cheio de calhaus,virado po mar e para o pequeno areal que se vê pela frente em tamanho reduzido devido à altura.
Sento-me, apanho com a brisa na cara, deixo a natureza, os passaros, formigas, abelhas, vento,as amoras, as giestas, o silêncio das pedras, o falar das árvores..tudo..deixo tudo entrar em mim.
Depois de me sentir suficientemente cheio, pego novamente na bike e meto-me no caminho mais maluco, cheio de saltos e com uma largura que nem chega ao 1m. Ao teu lado direito?? Um precipicio po mar..É GIRO :)

Boa natureza... espero que agora não a deixes fugir ;)
***

Inês disse...

Excelentíssimo senhor João Cunha:
Quando disse "maluca" estava a referir-me a uma maluquês de nível baixo, fraquinha, que só dá de vez em quando e com bastante cuidado...
Agora deixe-me que lhe diga que a sua me bate aos pontos, e que subir serras em bicicleta não é bem o meu objectivo de vida.

Andei uma manhãzinha e umas quantas subidas já me puseram podre, vou agora subir uma serra... tá doido! xD

Mas olha que não é mal pensado, um dia ainda te invado a privacidade e vou feita maluca até à figueira só pra chatear :D

Um beijo *.*