agosto 24, 2008

Nestas férias, ao contrário do que estava à espera, escrevi muito pouco. Se calhar também precisava disso, de menos palavras e mais acções...
O único texto que escrevi foi este, depois de uma experiência muito bonita...


Foi numa aula de Filosofia.

Nessas aulas, havia muitas discussões, muitas sobre religião, sobre a existência ou não de Deus… aliás, já várias vezes as relatei aqui no blog.

Lembrei-me desta em particular nestas férias, numa conversa com Ele, com o mar e a lua como pano de fundo.

Nesse dia, a discussão foi acesa, como sempre, quando se tratava deste tema. Muitos não acreditavam em Deus, alguns diziam que sim, mas a maioria não parecia ter muito a dizer.

Por isso, havia sempre dois ou três que falavam mais. Eu nomeadamente. Mais para o fim, comecei a calar-me mais, não sei se bem ou mal, mas no início não conseguia calar o coração.

Dessa vez, a discussão caiu para o habitual: “Como é que acreditas, se não O vês?”.

E eu, para que tentassem perceber, comparei a experiência de Deus com uma dinâmica relacional… com o amor entre duas pessoas.

No momento em que disse aquilo, parecia que já só estava a falar para um colega, e que a discussão era entre os dois. Ele era daquelas pessoas com quem dá para falar, que sabe fundamentar as suas opiniões, que não tem discussões só pelo prazer de discutir. Nunca tinha feito experiência do Amor de Deus, e por isso não acreditava, como é óbvio… então, eu disse-lhe:

- Pensa na relação entre duas pessoas. Quando amas alguém, não consegues ver o amor. Mas isso não quer dizer que ele não exista, pois não?

Aí já falávamos na mesma língua, sabia bem. Ele só me respondeu:

- Olha. Quando amares alguém, acredita que vais saber.

E começou a chorar.

A conversa perdeu-se depois daquilo. Mas lembro-me de pensar que ele tinha chegado lá. Que acreditar em Deus é exactamente isso. É experimentá-lo de uma forma tal, que é capaz de nos levar às lágrimas. É experimentá-lo de forma tal que sabemos que existe, sem para isso termos que O ver.

Aliás, vê-lo só O faria mais pobre. Deixávamos de ter que O procurar, deixava de ser novidade, deixava de ser uma experiência pessoal e passava a banal.

E Deus não é banal. Caraças, é tudo menos banal.

Lembro-me de sair dessa aula com vontade de lhes rasgar o peito, de O meter lá dentro, só para que eles percebessem… não para me perceberem a mim, mas para sentirem na pele o que é ter o coração do avesso, o que é sentir a vida toda ao contrário e saber que está muito bem assim…

Sim! Queria que sentissem o sabor de serem totalmente amados, sem mas nem porquês. Tão estupidamente amados que nunca saberiam agradecer o suficiente…

Foi sobre isto que conversámos, naquela noite de lua cheia à beira da praia…

Amas-me.
Amas-me tanto, e isto que sinto no coração,
acho que nunca vou conseguir explicar muito bem…
Meu Papá.
Volto a chamar-te papá, porque agora já não é velho…
É novidade outra vez! E já tinha tantas saudades do Teu colo…
Tu sabes, não sabes?
Às vezes tenho vontade de Te levar a todos os que me rodeiam.
Tenho até vontade de Te impingir, por muito errado que esteja!
Eu só queria que eles soubessem, fogo!
Porque é que não Te podem ter também?
Sim, Papá, és demasiado bom para Te guardar para mim,
mas eles parecem não querer saber!
Só tu, só tu te podes dirigir a eles, não eu,
mas o problema é que eles não querem…
Eu devia ter mais paciência, não devia?
Eu própria tantas vezes não quero…
Por preguiça, por falta de confiança, eu sei lá.
Mas eu sei! Eu sei que contigo sou muito mais,
e de uma forma ou outra vou-te conhecendo…
Porque é que não podes ser também para eles?
Posso dizer que Te amo?
Por muito imperfeito que possa ser, é o que sinto, e Tu sabes…
Mas é a minha imperfeição que Te apaixona, não é?
Não sabes como gostava de ser assim como Tu.
É tão mais do que aquilo que eu sou, Papá…
És perfeito! És Amor perfeito, verdadeiro, apaixonante!
És apaixonante, caramba.
E fazes-me apaixonada pela vida, pelas pessoas.
Só queria que elas também se sentissem encantadas,
Ou que pelo menos se deixassem encantar.
Se calhar o melhor é olhar para mim e deixar-me de coisas, não é?...
És demasiado grande para não ser de todos.
Ajuda-me a saber dizê-lo com a minha vida!
És tanto.
Ajuda-me a ser um bocadinho mais de ti.
Obrigada.

4 comentários:

Rui Vasconcelos disse...

É verdade, às vezes parece tão evidente que nem percebemos como ainda há quem não O conheça, ou o reconheça no Amor...

E o melhor é quando nós próprios o redescobrimos, de novo, como se fosse a primeira vez!

Obrigado, Inês, pela tua partilha e testemunho! Tenho a certeza de que não é indiferente para os teus colegas darem-se conta da tua experiencia. Um abraço!

Anônimo disse...

Bem viiiiiiiiiinda!!!
Liiiiinda!!!

Cada vez gosto mais de ti,sabias?
És admirável!!!

Um grande xiiii-coração!

Ana Ascensão disse...

"Lembro-me de sair dessa aula com vontade de lhes rasgar o peito, de O meter lá dentro, só para que eles percebessem… não para me perceberem a mim, mas para sentirem na pele o que é ter o coração do avesso, o que é sentir a vida toda ao contrário e saber que está muito bem assim…"

Tantas vezes que sinto esta vontade Inesita...:D

"Acho que nunca vou conseguir explicar muito bem… Às vezes tenho vontade de Te levar a todos os que me rodeiam.
Tenho até vontade de Te impingir, por muito errado que esteja!
Eu só queria que eles soubessem, fogo!"


Tão simples... ms tão complicado por nós...

Ni disse...

Queres tanto... um mundo mais feliz por sentir.
Inês, o tamanho do que crês é o caminho certo.

Faz bem ler-te.

Obrigada.