
Propuseram-me que escrevesse sobre “A fragilidade do ser humano”.
Sorri. A verdade é que é um dos “meus temas”, porque mete pessoas. Eu adoro pensar e falar de pessoas, porque acho-as verdadeiramente apaixonantes. Então, vim a correr para o computador para alinhavar meia dúzia de ideias.
Quando olho para aquele título que tenho à frente dos meus olhos, surge sempre uma imagem na minha cabeça. Não uma imagem nítida de uma pessoa concreta, não. Se calhar, um correr de muitas imagens anónimas, abstractas, de um estado. Um estado de ser típico, fácil de encontrar pela estrada da vida fora: pessoas frágeis, enroscadas em si mesmas, com medo do que vem e do que há-de vir.
Talvez fosse suposto que eu dissertasse acerca da fragilidade do ser humano em relação ao que lhe é exterior, ao que não pode mudar. Neste caso, o mais provável seria cair no tema da morte, dos “azares” típicos de uma vida que dá voltas e mais voltas, à espera que lhe apanhemos o ritmo.
Não o faço. Porque é demasiado interessante para cair na banalidade do “é a vida!”.
Sei que é muito fácil lançarmos a culpa para tudo o que está fora de nós. Sei que o papel de coitadinhos nos assenta muito bem, principalmente se contarmos com uma vida atribulada, atormentada, azarada. Desculparmo-nos com frases como “É a vida…” e “Eu sou assim, quem não gosta não come…” é atirar as culpas para fora de nós, quando na maior parte das vezes somos nós que temos que mudar!
Não digo que sejamos de ferro. Não digo que possamos dar um pontapé no que não gostamos, ou que a vida seja cor-de-rosa. Não sou ingénua a esse ponto.
Mas…
Sim, há um mas. Um grande mas, do tamanho do que conseguirmos juntar cá dentro.
Mas… eu já aprendi que só não somos capazes do que não quisermos. E já o experimentei a sério, não é só uma frase bonita de se dizer a quem está em baixo.
Já me deparei com muitas fragilidades: o medo de não ser aceite, o medo de aceitar, o medo de falhar, o medo de mudar, o medo de ter medo. Mas há uma senhora fragilidade com quem já travei lutas e mais lutas: o medo de sofrer.
Sim. A grande fragilidade do ser humano é a incapacidade de confiar. É a incapacidade de deixar a vida correr no seu ritmo próprio, de não lhe por travões e mais travões. É que todas as fragilidades que sentimos são feitas de medos que não controlamos… quando não vemos um caminho perfeito e cheio de luz à nossa frente, começamos a travar, não vá um pedregulho se atravessar no nosso caminho.
Temos um medo danado de sofrer. E uma das coisas que mais me dói é ver alguém a dizer “não” à vida com medo de ser engolido por ela. Já me disseram uma vez, com todas as letras: “sei que sou eu que perco por não me dar, mas já sofri demasiado e não quero sofrer mais”. E doeu ouvir. Oh, se doeu… porque sei que sofrer não sabe bem, mas ter uma existência morna não nos torna mais felizes! Pelo contrário… Com o medo de sofrer, destruímos a coragem de amar. E sem amor não somos nada. Nada.
Mas comecei este texto a dizer que somos mais fortes do que isso. E somos! Temos tudo o que precisamos para dizer “não” ao medo de sofrer. Como li uma vez de um amigo, “Se tu soubesses do que és capaz, tirarias finalmente muitos projectos da gaveta do teu Coração e darias passos que antes julgavas maiores do que as pernas. Porque se tu soubesses do que és capaz, as tuas pernas cresceriam…”.
A derrota das nossas fragilidades interiores está sempre à distância de uma decisão. É como o medo de andar de avião. “Tenho medo, mas se não o enfrentar, nunca poderei fazer viagens e ver coisas bonitas…”. “Tenho medo de sofrer, mas se não arriscar viver, também nunca serei feliz…”.
Como diz uma música de que gosto muito, “Agarras a minha mão/ e prendes-me a dizer que me estás a salvar./ De quê, de viver o perigo?/ De quê, de rasgar o peito?/ Com o quê? / De morrer mas de que paixão?/ De quê, se o que mata mais é não ver / o que a noite esconde e não ter/ nem sentir o vento ardente/ a soprar o coração”.
Somos frágeis, sim. Temos medo, sim. Não somos super-heróis, nem aguentamos tudo. Mas ainda conseguimos mexer-nos, no meio de todas as dificuldades. Ainda conseguimos ser felizes, se quisermos. Porque ser feliz não tem a ver com “ter um destino afortunado”! Ou melhor, tem. Todos temos um destino, uma meta, e caminhamos para ela. Como? Não sei. Onde? Não sei. Mas caminhamos, e vamos treinando o coração na arte de não nos deixarmos afundar. E sabem o que é mesmo bom? É saber que somos livres, e que está tudo à distância de um “Sim”… é saber que estamos cá, e que temos valor. E que se nos tivermos a nós e ao amor dos nossos, nada nos há-de afundar.
Sorri. A verdade é que é um dos “meus temas”, porque mete pessoas. Eu adoro pensar e falar de pessoas, porque acho-as verdadeiramente apaixonantes. Então, vim a correr para o computador para alinhavar meia dúzia de ideias.
Quando olho para aquele título que tenho à frente dos meus olhos, surge sempre uma imagem na minha cabeça. Não uma imagem nítida de uma pessoa concreta, não. Se calhar, um correr de muitas imagens anónimas, abstractas, de um estado. Um estado de ser típico, fácil de encontrar pela estrada da vida fora: pessoas frágeis, enroscadas em si mesmas, com medo do que vem e do que há-de vir.
Talvez fosse suposto que eu dissertasse acerca da fragilidade do ser humano em relação ao que lhe é exterior, ao que não pode mudar. Neste caso, o mais provável seria cair no tema da morte, dos “azares” típicos de uma vida que dá voltas e mais voltas, à espera que lhe apanhemos o ritmo.
Não o faço. Porque é demasiado interessante para cair na banalidade do “é a vida!”.
Sei que é muito fácil lançarmos a culpa para tudo o que está fora de nós. Sei que o papel de coitadinhos nos assenta muito bem, principalmente se contarmos com uma vida atribulada, atormentada, azarada. Desculparmo-nos com frases como “É a vida…” e “Eu sou assim, quem não gosta não come…” é atirar as culpas para fora de nós, quando na maior parte das vezes somos nós que temos que mudar!
Não digo que sejamos de ferro. Não digo que possamos dar um pontapé no que não gostamos, ou que a vida seja cor-de-rosa. Não sou ingénua a esse ponto.
Mas…
Sim, há um mas. Um grande mas, do tamanho do que conseguirmos juntar cá dentro.
Mas… eu já aprendi que só não somos capazes do que não quisermos. E já o experimentei a sério, não é só uma frase bonita de se dizer a quem está em baixo.
Já me deparei com muitas fragilidades: o medo de não ser aceite, o medo de aceitar, o medo de falhar, o medo de mudar, o medo de ter medo. Mas há uma senhora fragilidade com quem já travei lutas e mais lutas: o medo de sofrer.
Sim. A grande fragilidade do ser humano é a incapacidade de confiar. É a incapacidade de deixar a vida correr no seu ritmo próprio, de não lhe por travões e mais travões. É que todas as fragilidades que sentimos são feitas de medos que não controlamos… quando não vemos um caminho perfeito e cheio de luz à nossa frente, começamos a travar, não vá um pedregulho se atravessar no nosso caminho.
Temos um medo danado de sofrer. E uma das coisas que mais me dói é ver alguém a dizer “não” à vida com medo de ser engolido por ela. Já me disseram uma vez, com todas as letras: “sei que sou eu que perco por não me dar, mas já sofri demasiado e não quero sofrer mais”. E doeu ouvir. Oh, se doeu… porque sei que sofrer não sabe bem, mas ter uma existência morna não nos torna mais felizes! Pelo contrário… Com o medo de sofrer, destruímos a coragem de amar. E sem amor não somos nada. Nada.
Mas comecei este texto a dizer que somos mais fortes do que isso. E somos! Temos tudo o que precisamos para dizer “não” ao medo de sofrer. Como li uma vez de um amigo, “Se tu soubesses do que és capaz, tirarias finalmente muitos projectos da gaveta do teu Coração e darias passos que antes julgavas maiores do que as pernas. Porque se tu soubesses do que és capaz, as tuas pernas cresceriam…”.
A derrota das nossas fragilidades interiores está sempre à distância de uma decisão. É como o medo de andar de avião. “Tenho medo, mas se não o enfrentar, nunca poderei fazer viagens e ver coisas bonitas…”. “Tenho medo de sofrer, mas se não arriscar viver, também nunca serei feliz…”.
Como diz uma música de que gosto muito, “Agarras a minha mão/ e prendes-me a dizer que me estás a salvar./ De quê, de viver o perigo?/ De quê, de rasgar o peito?/ Com o quê? / De morrer mas de que paixão?/ De quê, se o que mata mais é não ver / o que a noite esconde e não ter/ nem sentir o vento ardente/ a soprar o coração”.
Somos frágeis, sim. Temos medo, sim. Não somos super-heróis, nem aguentamos tudo. Mas ainda conseguimos mexer-nos, no meio de todas as dificuldades. Ainda conseguimos ser felizes, se quisermos. Porque ser feliz não tem a ver com “ter um destino afortunado”! Ou melhor, tem. Todos temos um destino, uma meta, e caminhamos para ela. Como? Não sei. Onde? Não sei. Mas caminhamos, e vamos treinando o coração na arte de não nos deixarmos afundar. E sabem o que é mesmo bom? É saber que somos livres, e que está tudo à distância de um “Sim”… é saber que estamos cá, e que temos valor. E que se nos tivermos a nós e ao amor dos nossos, nada nos há-de afundar.
5 comentários:
:D
Um texto mesmo "à Inesita"!
És um espectáculo ;)
20 ;)
No mínimo Teresa!
No mínimo 20 ;)!
És um ESPECTÁCULO!
Um beijinho!
Bonito ! Muito bonito Inesinha ! Então com essa músiquinha aí pelo meio... :'D
Gostei muito Inês!
Bjs :)
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