julho 20, 2009

Um daqueles dias

Estou num daqueles dias “quero-tanto-escrever-mas-não-sei-o-quê”.
Em dias como este, sinto-me como se as palavras me vencessem. Quero juntá-las, formar frases lógicas, trocadilhos certos e humores espontâneos, e não consigo. Quero pôr-lhes sentimento, carregá-las com o que vai dentro de mim. Quero transmitir o segredo de quem sou sem o desvendar para não o reduzir. Quero fazer-vos sentido e fazer-me sentido. Quero que seja “o texto”, o tal que é para ser lembrado, o tal que saiu melhor do que o costume.
Quero que as letras sejam tinta e as frases nuances e o texto arte. Quero ser um Pessoa e um Eça e um Saramago. Talvez Zafón ou talvez Torga. Talvez aquele do blog ao lado que brincou com as palavras e com as minhas entranhas, que se revolveram por algo que não identifiquei.
Quero, quero, quero. Quero escrever um livro inteiro de corações, não cor-de-rosa e bem desenhados mas corações carnudos de homens vivos. Quero escrever páginas da essência de mim mesma, rasgar clichés e morais e pôr-me, assim, no papel como se escorregasse nele e dele não me levantasse.
Quero fazer sentido e não ser mais uma miúda com a mania que sabe o que não sabe. Quero.
Quero mas não consigo. As palavras vencem-me e enterram-me e não me deixam. Dominam-me e fazem de mim o que querem. Não me deixam ser Pessoa ou Eça ou Saramago. Muito menos Zafón e Torga. Ou aquele do lado que daqui não sai. Deixam-me ser a Inês que não sabe, e deixa-se ir em mais uma luta travada. Às palavras não ganho. Com o coração não luto.
Sou delas, sou dele, e conformo-me. Hoje não escrevo.

2 comentários:

Ana Ascensão disse...

Inesita sabes que mais?
Ainda bem que não escreveste... Porque está algo mesmo muito muito bonito... :)

Por momentos identifiquei-me!

Uma beijoca muito grande*

lilokas* disse...

Oh God. A Ana roubou-me as palavras. Para quem não conseguia escrever, saiu mais uma obra de arte :D

És graaaaaande !

Bjinhu*