janeiro 23, 2010

Liberdade

Uma liberdade. Uma liberdade que não se diga ou escreva, mas uma liberdade que se viva e sinta.

Quero ser livre. Não quero ser o que querem que seja, como os outros todos, não quero fazer como querem que faça, como os outros todos.

Quero poder correr no meio da rua e berrar muito alto sem que ninguém olhe para mim e diga que estou maluca. Sinto os músculos cansados de uma vida que não deixa viver. Nos ombros carrego todo o seu peso e não levanto os olhos para o céu.

Quero ser livre. Quero ser livre. Quero ser livre.

À minha volta vejo as cores meias cinzentas, e até o metro amarelo cheio de pessoas encolhidas (como eu) me parece meio preto meio branco. Nos bancos azuis-vida sentam-se gentes mortas pelas horas que passam e não entranham (como em mim) (não entranham).

A cidade é cinzenta como os prédios e as pedras que piso.

Os olhos pesam-me. Se calhar é da máscara que pus em cima do nariz e que custa tanto a sair. “Às quatro da manhã ficas mais sensível!”, dizem elas, com o cansaço no sorriso, agarradas aos meus ombros.

“É”, digo, “a esta hora sou um bocadinho mais sincera”.

Gosto delas. Mas nem sempre é o coração que solta a voz. Talvez às quatro da manhã. Talvez seja a hora em que a Cinderela se transforma, ou talvez seja quando não aguento mais a máscara.

Gosto delas. É a verdade.



E depois lembro-me disto.

Tenho tido (tantas) saudades.






4 comentários:

Liliana disse...

Tás a ver quando disse que nunca vou conseguir escrever nada de jeito no meu blog... É por causa disto. Não vou conseguir pôr por palavras o que sinto. Pelo menos não de forma tão sincera e bonita. Mas vou tentando.

Inês disse...

Não sejas trenga, xabala.

Claro que consegues. E para escrever o que sentimos nem sempre é preciso palavras bonitas...

Gosto de ti! :)

Raquel Teixeira disse...

Podem ser quatro da manhã as vezes que quiseres. Mesmo quando estás no metro cinzento, rodeada de pessoas mortas. Basta ouvires 'Hallelujah' de olhos fechados, cabeça para o céu e muita vontade de sentir essa liberdade. Não digo que essa sensação vá durar mais do que os minutos entre a Casa da Música e a Trindade, mas vais ver que vais, pelo menos, conseguir caminhar por aquelas ruas mal cheirosas e escuras com uma força e um brilho maiores.

Nós também gostamos (muito!) de ti, mesmo quando não estamos agarradas ao teu ombro.

João Cunha disse...

Ineiz...acho que tenho que concordar com tudo o que a Raquel disse, mudando apenas a "banda sonora". Embora goste muito desse tema...cantado pelo Rufus claro.
Pegas no mp3, escolhes a música "Samson", que eu sei que TU TENS, fechas os olhos, inclinas a cabeça para trás...e vais ver que sentes a tua cabeça a girar em torno de um Mundo. Um Mundo que tu quiseres.. um Mundo colorido, um Mundo cheinho de chocolate, um Mundo onde possas gritar à vontade sem ninguém te julgar.
Logo a seguir à "Samson", reproduzes "Apres Moi", que também sei que tu tens, sem abrires os olhos ainda!
A meio da música...abres os olhos..e podes voltar ao tal Mundo cinzento!! Ao Mundo onde todas as pessoas se tornam invisíveis e estranhas umas para as outras. Ao Mundo onde não podes gritar nem girar os braços de alegria sem que as pessoas te julguem e te chamem maluquinha. Esta música ajuda-te a acompanhar este "bem vinda de volta ao Mundo real".

Um beijo grandinho do pastor*

Para quem não sabe...sim porque nem todos são cultos como Tu, "Sameson" e "Apres Moi" são de uma cantora chamada Regina Spektor, e canta muito bem! :P

Ah...e já ando de metro. Ando tanto de metro que já ia ficar debaixo dele :s xD
Mas não troco o MEU e que já foi teu, STCP 604 por nada!!!!