setembro 27, 2010

Dia 1: a Partida.

-Ana, pega na tua máquina. Vamos tirar a primeira foto da nossa roadtrip!

Eram cinco da manhã. Àquela hora, o Termini estava estranhamente silencioso. Em vários cantos da estação, escondiam-se pessoas que faziam daquele lugar a sua casa. Ali estávamos nós, de mochilas às costas, prontas para partir na nossa viagem pelo Norte da Itália.

Estávamos entusiasmadas. Todos desejamos algo assim, mas aquele “um dia pego numa mochila e parto à aventura” de sempre estava mesmo a realizar-se.

Quando digo que se estava a realizar, falo a sério. Porque desde o momento em que fechámos a porta de casa, aventuras não faltaram para contarmos aos nossos netos.

A primeira: o combinado era sair de casa às quatro da manhã para apanhar o autocarro das 4h08 que nos levaria ao Termini. Aí ficaríamos quase duas horas à espera do comboio para Perúgia, a primeira cidade a visitar. Tudo bem planeado, com tempo, como ditam as regras.

No entanto, como tudo o que é demasiado bem planeado, as primeiras horas foram muito pouco de encontro aos planos feitos umas horas antes. Para começar, perdemos o autocarro para o Termini por 1 minuto. Enquanto o víamos a seguir o seu caminho uns metros mais à frente, todas pensávamos: “Foi só um azar. A partir de agora vai tudo correr bem. Tudinho!”.

Mas como hão-de perceber mais à frente, resolvemos sempre os nossos “azares” com uma pinta descomunal, fruto do acaso ou talvez das nossas carinhas de gato do Shrek. Desta vez, o nosso anjo da guarda foi o Ivo, membro da grande Comunidade Portuguesa em Roma e, diga-se de passagem, um amor de menino.

“Vá, meninas, vamos a pé”- disse isto com os maiores olhos de sono que já lhe vimos, mas o que é certo é que se manteve firme e nos levou – de facto – à estação. Ainda o tentámos demover, mas o que é certo é que, se não fosse ele, a meia hora que demorámos a chegar se teria transformado no dobro do tempo: e bem que precisávamos daqueles minutinhos.

Depois de chegarmos ao Termini, sãs e salvas, a Raquel (maníaca das fotografias 1) (sim porque há uma maníaca das fotografias 2) lembra-se:

-Ana, pega na tua máquina. Vamos tirar a primeira foto da nossa roadtrip!

Esta frase foi dita depois de notarmos que nos tínhamos esquecido do livro com os horários dos comboios de toda a Itália em casa. Livro esse que nos tinha custado 5 euros! Mas chegámos à conclusão que conseguíamos sobreviver sem ele, ainda que não muito facilmente.

Quando a Raquel pronunciou esta frase que já transcrevi duas vezes (sim, porque é uma frase que salvou a vida fotográfica da nossa viagem), a Ana abre a sua malinha, tira a máquina fotográfica, liga-a e percebe que, casualmente, deixou o cartão da máquina no computador. Computador esse que estava em casa.

“Podíamos sobreviver sem tirar fotos nesta viagem…” – pensámos. Mas claramente um outro pensamento completou o primeiro: “Podíamos, mas não era a mesma coisa”.

Ainda estivemos num vai não vai durante 5 minutos, a lamentarmo-nos e a culpar a Ana. Mas logo depois iniciámos uma delicada operação de resgate do mini-tesouro. Metemo-nos no autocarro nocturno (desta vez não o perdemos por 1 minuto) e a meio da viagem o meu “génio” (tudo palavras da Ana) acordou, e lembrei-me que tínhamos uma estação de comboio a 10 minutos de nossa casa. Estação essa que, por um acaso, até fazia parte do percurso do nosso comboio.

Conclusão: toda aquela correria de perder autocarro, ir a pé até ao Termini, voltar a casa e desejar desesperadamente um outro nocturno que nos levasse de volta ao Termini, era escusada. Até porque dez minutos depois estavamos na estação Tiburtina, que por acaso até é o nome da nossa rua, e ainda estivemos meia hora à espera do comboio.

E isto foi só o primeiro dia. Claramente denunciador do que seria a nossa Road Trip, que por acaso não é Road Trip porque não tínhamos um carro nem nada parecido. Mas assim soa mais cool.

Não vou escrever mais para já, porque senão não vão ler absolutamente nada. Sim, eu sei como é aquela sensação: “Ihh que texto gigante, amanhã leio!”.

Amanhã há mais!

Arrivederci! Imagem: uma das IMENSAS sequências de três fotos que fizemos:

1: muito cansadinhas pela correria atrás do mini-tesouro;

2: a ficar contentes por termos conseguido;

3: explosão de alegria às 5 e meia da manhã!

3 comentários:

Vitor Hugo Ferreira disse...

Se as primeiras horas foram assim, então imagino o resto... acho que me vou continuar a fartar de rir... :):):):):):)


Claramente que podiam sobreviver sem fotos, mas não seria a mesma coisa... era mais difícil fazerem com que os vossos amigos se roessem de inveja... ;)
A cena da falta de cartão faz-me lembrar alguém que me perguntou se eu tinha um cartão pra maquina, pois se tinha esquecido dele (isto nas 1ªs comunhões... eu tenho uma memória que nem te conto).


Fico à espera do próximo episódio... quero-me divertir mais um pouco! Agora vou trabalhar, ou fingir que... :P


Beijo,
Vitor


P.S.-vê lá se tb comentas lá no meu cantinho, que aquilo ultimamente anda às moscas!!!!

Lilas disse...

LOOOOOOOOOOOOL

Que espectáculo! Não posso crer!
Ler-te assim, sabendo que estás em Itália, até soa a Dan Brown e o seu 'Código Da Vinci' ! ahahah

Quero mais! MAIS! *

Vitor Hugo Ferreira disse...

estamos à espera do próximo episódio... ;)

eu plo menos tou!!!