Perúgia: o primeiro destino da nossa viagem muito pouco ilegal.
Umas horas antes, quando fizemos a mala (sim, porque foi muito poucas horas antes que fizemos a mala, pesquisamos um ou outro hostel e decidimos como seria toda a nossa viagem), tínhamos em mente o calorzinho agradável que se sente em Roma quando nos levantamos, sempre por volta da uma da tarde.
Por isso, demos umas férias aos casacos – particularmente a Raquel, que fez questão de os deixar todos a descansar – e trouxemos todo o tipo de t-shirts e vestuário de Verão que tínhamos nas gavetas. A primeira cidade onde parámos, Foligno (sim, existe uma terra com esse nome, e outra ainda mais gira chamada Ancona), fez-nos pronunciar interiormente todo o vocabulário asneirento que alguma vez nos ensinaram, visto que estava um frio de gelar os ossos. As mais crentes trocaram os calçõezinhos pelas calças de ganga e todas substituímos os chinelos pelas sapatilhas, que nos souberam pela vida.
A Raquel dizia mal da sua vida, visto que tudo o que tinha trazido era um casaco finíssimo, “uma caganita de casaco” para ser mais precisa. E todas dizíamos: “nem que não coma, vou comprar daquelas camisolas quentinhas a dizer “I love Itália”, “I love Roma”, “I love qualquer coisa que dê para mostrar que somos fixes e viajadas”.
Mas o tempo acabou por ser nosso amigo e trocou o frio gelado da manhã pelo quentinho do sol, que mais tarde apareceu em força.
Perúgia fez-nos sentir que estávamos realmente a fazer o tal IntraRail com o qual tanto tínhamos sonhado. É uma cidade apaixonante, de ar medieval e ruas estreitas, que no seu conjunto resulta em paisagens incríveis e, of course, em fotografias lindas. Começámos a maratona do “Could you please take us a photo?” e do “Mas estas pessoas não percebem que quando um turista pede para tirar uma foto à beira de uma paisagem incrível está implícito que se apanhe a paisagem?!”.
Baptizámos umas certas escadas de “fofinhas” e decidimos que as devíamos registar o mais possível, para não nos fugirem da memória. Subimos montes atrás de um castelo que ao longe parecia giro e que acabámos por não poder subir (dois euros é muito quando ainda se tem cinco dias de esbanjamento pela frente).
Comemos pizza óptima e barata, que o Ivo nos aconselhou, e mesmo com o nosso ar ainda fresco, decidiram dar-nos uma esmolinha:
Nós: “We have to pay more if we sit eating?”.
Empregrado (cara de pena): “Why, don’t you have money?”
Nós (cara de quem quer dizer que sim mas tem vergonha na cara): Uhmphh…
Empregado: “Ok, that’s not a problem. You can sit”.
E aqui começou o nosso estatuto de mendigas nesta viagem. E acreditem que o levaríamos ao limite!
Eu e a Ana fizemos mais coisas ilegais como “pedir emprestados” postais (só mesmo porque somos umas raparigas interventivas e achamos ridículo dar mais de 30 cêntimos por um bocado de cartão com uma foto e umas letras) e merecemos o desdém das nossas outras coleguinhas. Não por acharem incorrecto furtar coisas, mas porque quando furtamos devemos pelo menos aproveitar a deixa e furtar também para elas. Ainda por cima quando foram umas cúmplices impecáveis! Raquel e Cons, peço imensa desculpa pelo egoísmo!
A visita de Perúgia terminou com um incrível gelado tradicional (também sugerido pelo Ivo) com uma paisagem absolutamente estonteante como pano de fundo. Até nos demos ao capricho e comemos três sabores! Não imaginam o quão difícil foi escolhê-los no meio de tanta coisa apetitosa…
No fim, debruçadas sobre aquela paisagem, iniciámos o nosso ritual:
“Perúgia: Check”.
Imagem 1: Eu? Pensar em fazer algo minimamente ilegal? Cruzes, credo!
Imagem 2: fotografia absolutamente natural.
Imagem 3: fotografia absolutamente natural 2 (nas escadas fofinhas)
Imagem 4: melhor gelado de Itália e arredores (com base na minha larga experiência de gelados)
12 comentários:
A minha sorte é que já tou em casa e ninguém me vê a rir que nem um perdido...
Consigo imaginar os olhinhos das meninas a dizer "oh, deixa lá comermos sentadas..." (claro que tinha de ser um empregado!!!)
Essa cena de "pedir postais emprestados" é muito engraçado... Já fiz isso algumas vezes (incluindo em Évora, mas não digas a ngm), pois tb acho que é dinheiro a mais para dar por uma foto com espaço para escrever e colar um selo!!!
Se eu já queria visitar Itália com essa segunda foto passou a ser definitivo...
EU VOU A ITÁLIA.
só falta definir o quando...
Beijo,
Vitor
P.S.- gelados italianos... :'( tb quero!!!!!!!!!!!!!!!
Os relatos vão ser sempre assim TÃO longos? :p
Vítor, cá te espero! :D
Podes crer que a partir de agora vai haver cada vez mais coisas para te rires... x)
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João, mas tens problemas? x)
Sim, agora é sempre a crescer!
(tenho umas fotozinhas para te mostrar! :P)
é a 2ª vez que convidas... à 3ª perco a cabeça!!!
ehehehehehe
Agora que li tudo, até está giro! :p
Mas espera... tu não ias para Itália estudar??
bjs
P.S. Ainda não recebi nenhuma foto de Fiats antigos...
Minha querida sobrinha.
Estou a adorar as tuas narrações.
Assim fico a saber coisas tuas sem ser através dos teus pais ou avós. A tua versão dos factos é bem mais entusiasmante.
Mas a mlehor experiência tua de gelados começa à uns...(já muitos) anos atrás quando uma pequenita me pediu para ir com ela ao Kanimambo buscar um gelado sob o sol tórrido de Agosto no Algarve. Após muita luta, eu ter mesmo ido com ela e ela ter conseguido o tão almejado gelado me disse após a PRIMEIRA lambidela: Não quero! É frio!!!
Beijos e diverte-me meu amor.
À terceira já parece que estou a implorar! xD
Ó Vítor, aaaanda!
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Joãozinho, acabei de cumprir o prometido... se vir mais, mando!
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Tiiiiia!
Que saudades! Ahah tinhas que vir para aqui contar essas pérolas... isso é o que se chama saber de experiência feito! Lá por se chamar Gelado não queria dizer que fosse frio... :P
Um beijinho muito grande, e para os pequenitos também!
PS: Vê lá se chateias a cabeça ao Ricky para ele deixar de estar chateado comigo :P
não batas mais... eu bou!!!
a Ryanair não voar do Porto para Roma é que não está com nada...
lá se vai o orçamento só para ir e voltar :p
Minha querida,
Ele não está chateado contigo!
Apenas te põe de castigo até voltares.
Já me disse que tem saudades tuas. Um dia destes peiu-me para te ir acordar!!!
beijos minha querida!
Ah pois é, Vítor, se fosse fácil não tinha piada nenhuma! x)
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Gii a sério?
Oh agora fiquei com o dobro das saudades... dá-lhe muitos beijinhos e diz-lhe que daqui a nada já me pode ir acordar! Passa num instantinho!
Um beijinho grande para todos :) :)
Já ando a investigar... ;)
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