As coisas que já aprendi em Erasmus

- Não é preciso comer muita sopa ou legumes para se ficar elegante. A solução é comer muita pizza e massa;

- Atravessar na passadeira é errado. Mais vale atravessar no meio da rua, os condutores param mais depressa e não reclamam;

- Não adianta tentar respeitar filas quando quem está atrás de nós não o faz;

- Não adianta tentar respeitar qualquer outra regra, nomeadamente quando para a respeitar temos que gastar dinheiro;

- Falsificar documentos não é errado, é um manifesto silencioso pelos preços exorbitantes dos bilhetes em geral;

- Pensar “amanhã de manhã vou estudar” ou “amanhã de manhã vou à missa ao Vaticano” é importante, mesmo sabendo que vamos olhar para o despertador, pensar “só mais cinco minutos” e dormir mais cinco horas;

- Ver filmes com pessoas que já os viram definitivamente não resulta;

- Ser turista é muito bom, mas andar com turistas esvazia-nos os bolsos;

-Dizer “para a próxima não podemos deixar acumular tanta louça” é o mesmo que dizer “olhem ali um elefante vestido de cor-de-rosa”. Toda a gente acha piada e ignora imediatamente;

- Por muitas limpezas a fundo que se faça, a casa está irremediavelmente suja – no máximo – três dias depois;

- Para conhecer italianos basta perguntar, numa sala de aula, a uma rapariga: “Que livro é esse que estás a ler?”. Ela vai acabar por ficar orgulhosa de conhecer uma miúda estrangeira e automaticamente apresenta-a ao resto da turma;

- Não adianta pensar “não como mais Nutella” se temos um boião de 825g mesmo no centro do balcão da cozinha (cozinha essa que está à frente da mesa da sala e da cama);

- Não faz sentido achar que Erasmus é um mar de rosas. Se é uma experiência marcante, tem sempre a parte difícil;

- Pessoas que estão juntas quase 24 horas por dia, por muito amigas que sejam, têm sempre atritos. O segredo está em treinarmo-nos na arte de os resolver;

- Ninguém é feliz sozinho, mas às vezes devíamos saber/poder escolher melhor a companhia;

- Uma das sensações mais lixadas do mundo é sabermos que fazemos sofrer alguém de quem gostamos muito. E, pior, que não podemos fazer nada quanto a isso;

- O ser humano às vezes parece um bicho feio e mau que faz sofrer as pessoas. Mas às vezes as pessoas também sabem ser “bolinhas de arco-íris” que nos alegram o dia;

- As saudades são também um bicho feio e mau – mas no fim fazem-nos dar valor ao que temos.

Resumindo, Erasmus é uma mistura de sentimentos quase explosiva. Preguiça quanto baste, falcatruas aos montes, diversão exponencial. Meia dúzia de nós no coração, facilmente desenlaçáveis com uma boa noite de cusquices e desabafos.

Resumindo ainda mais: dizer que está a valer a pena é muito pouco.