Já ouvi muitos fados capazes de cantar o meu estado de espírito. Já pensei pegar-lhes nas palavras e tomá-las como minhas. Já pensei até lançar-me ao desafio e escrever eu o meu próprio fado. Mas decidi não o fazer: não saberia cantar devidamente o que me arde no coração.
Já pensei saber o que é a saudade, que tantos enunciam e anunciam da boca para fora. Mas agora que sinto cada verso que usa essa palavra no nó da garganta que nunca mais desaparece, percebo como era ingénua.
Saudade é isto, é saber que o lugar que nos fez feliz não volta nunca mais. É querer por tudo voltar a nós e saber que ficámos lá - que este quadro onde nos vemos agora não combina com as nossas tonalidades. E é saber que, apesar de ter acabado agora mesmo, tudo é demasiado longínquo - como se tivesse sido só um sonho.
Não foi. Parece que ainda estou a sentir o aperto no peito que aquela Chuva ao lado do Coliseu me criou. Ou o sabor amargo da despedida quando a Piazza di Spagna ouviu, às três da manhã, o nosso "Segredos desta cidade, levo comigo para a vida".
Mas à medida que o tempo passa - como sempre à velocidade da luz - vou percebendo que aquela já não é a minha realidade. Que não tarda são só recordações que se juntam a todas as outras. E que as aprendizagens que ficarem serão todas inconscientes. À medida que os dias passam, vou tentando mergulhar nesta nova realidade - ainda que muitas vezes não apeteça.
Vou percebendo (e não imaginam como dói) que Roma não volta mais. Que amanhã quando acordar não as vou ver a dormir na mesma cama que eu, para combater o frio. Não vou ter o pão da cantina para fazer torradas nem a cafeteira sem pegas para fazer café com leite. Quando sair de casa não vou dar os bons dias ao resto da Comunidade nem vou, de certeza, sorrir para o Bjorn ou para o Alejandro, porque eles não vão estar a estudar no jardim.
Não vou andar o dia todo de pijama, não vou comer pizza na cantina e, mesmo que me apeteça, não vou poder olhar para o Coliseu e imaginar a vida por lá há dois milénios.
Acabou - definitivamente. Amanhã não vou andar de pantufas o dia todo. Vou calçar aqueles sapatos que fazem bolhas nos pés, só mesmo porque tem de ser. Não vou poder cantar o que me vier à cabeça nem dizer a maior estupidez que inventar. Vou-me enquadrar nos esquemas que alguém traçou para mim, porque é isso que se espera que faça.
Por mais palavras que escreva neste bloco que me deram para desabafar o que vai cá dentro, o nó na garganta não sai. E nenhum fado no mundo é suficiente para o desfazer. Ainda assim, absorvo a música. Enquanto não posso vencer a dor... junto-me a ela.
Já pensei saber o que é a saudade, que tantos enunciam e anunciam da boca para fora. Mas agora que sinto cada verso que usa essa palavra no nó da garganta que nunca mais desaparece, percebo como era ingénua.
Saudade é isto, é saber que o lugar que nos fez feliz não volta nunca mais. É querer por tudo voltar a nós e saber que ficámos lá - que este quadro onde nos vemos agora não combina com as nossas tonalidades. E é saber que, apesar de ter acabado agora mesmo, tudo é demasiado longínquo - como se tivesse sido só um sonho.
Não foi. Parece que ainda estou a sentir o aperto no peito que aquela Chuva ao lado do Coliseu me criou. Ou o sabor amargo da despedida quando a Piazza di Spagna ouviu, às três da manhã, o nosso "Segredos desta cidade, levo comigo para a vida".
Mas à medida que o tempo passa - como sempre à velocidade da luz - vou percebendo que aquela já não é a minha realidade. Que não tarda são só recordações que se juntam a todas as outras. E que as aprendizagens que ficarem serão todas inconscientes. À medida que os dias passam, vou tentando mergulhar nesta nova realidade - ainda que muitas vezes não apeteça.
Vou percebendo (e não imaginam como dói) que Roma não volta mais. Que amanhã quando acordar não as vou ver a dormir na mesma cama que eu, para combater o frio. Não vou ter o pão da cantina para fazer torradas nem a cafeteira sem pegas para fazer café com leite. Quando sair de casa não vou dar os bons dias ao resto da Comunidade nem vou, de certeza, sorrir para o Bjorn ou para o Alejandro, porque eles não vão estar a estudar no jardim.
Não vou andar o dia todo de pijama, não vou comer pizza na cantina e, mesmo que me apeteça, não vou poder olhar para o Coliseu e imaginar a vida por lá há dois milénios.
Acabou - definitivamente. Amanhã não vou andar de pantufas o dia todo. Vou calçar aqueles sapatos que fazem bolhas nos pés, só mesmo porque tem de ser. Não vou poder cantar o que me vier à cabeça nem dizer a maior estupidez que inventar. Vou-me enquadrar nos esquemas que alguém traçou para mim, porque é isso que se espera que faça.
Por mais palavras que escreva neste bloco que me deram para desabafar o que vai cá dentro, o nó na garganta não sai. E nenhum fado no mundo é suficiente para o desfazer. Ainda assim, absorvo a música. Enquanto não posso vencer a dor... junto-me a ela.
3 comentários:
Mas foi tão bom! :D
Eu sei que é difícil e parece mesmo que roubaram um pedacinho de ti... Mas "guarda contigo para vida"!
Entretanto nós estamos cá para tu perceberes que o Porto também pode ser tanto ou mais mágico que Roma :P
Serve-te da dor e alimenta-te dela para continuar a triunfar ;)
Beijinho
Amiga,
tens de veer se arranjas um tempinho para escrever qualquer coisita... :P
beijo,
Vitor
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