fevereiro 02, 2011

Significato dello spazio


"Il significato dello spazio sta nell'azione efficace che esso provoca sui soggetti che entrano in contatto con esso e che, se pure tentano di modificarlo, ne risultano alla fine trasformati." (Marrone, 2001)

Ainda não tenho tempo para dissertar sobre isto. Mas como acredito que o tempo é relativo e que o que o define são as nossas prioridades, acabei de decidir que dissertar é uma prioridade primária na minha vida.

O significado do espaço. É disto que esta frase do senhor “Castanho”, como diz o João, fala. Tal como o tempo, o significado de espaço aqui é afirmado como relativo. É caso para dizer: o senhor Castanho sabe o que está a dizer!

“O significado do espaço está na acção eficaz que provoca nos sujeitos que entram em contacto com ele”. Se eu perguntar ao meu irmão (foi a primeira pessoa de quem me lembrei quando pensei em “pessoas que ainda não vieram a Roma”) o significado que Roma tem para ele, ele é capaz de dizer: “É a cidade onde vive a minha irmã, que tem o Coliseu e muitos outros vestígios históricos”. Se perguntar aos meus pais, que estiveram aqui há uns dias, eles vão mencionar mais umas quantas coisas: a Fontana di Trevi, o Fórum Romano, a Basílica de S. Pedro, o Museu do Vaticano e até o Carlo Menta, o melhor e mais barato restaurante da cidade. Se perguntar à minha tia, ela vai com certeza dissertar sobre o quão óptima é a comida italiana – que é uma das suas paixões.

Se perguntasse, no ano passado, o significado que Roma tinha para a Ana, ela ia dizer muitas coisas maravilhosas, porque já cá tinha estado duas vezes. Mas se perguntar agora, aposto que as palavras não vão chegar para descrever tudo o que lhe vem à cabeça (e ao coração) quando pensa neste sítio. O significado do espaço é relativo. Nos quatro primeiros dias, Roma era, para mim, uma cidade enorme, um pouco suja, com gente que nem um bocadinho de inglês falava. Era, na verdade, Futuro. Desconhecido. Íamo-nos safando com um mapa na mão e um italiano muito, muito macarrónico e a esperança de que o Universo estivesse a nosso favor.

E Hoje? O que é Roma para mim? Acho que a única forma de o descrever é falar do aperto na garganta que me vem sempre que alguém diz “faltam menos de três semanas”. É ver pessoas a chegar para o segundo semestre e querer do mais fundo de mim trocar de papéis com elas. Roma é, neste momento, a Minha cidade – a Nossa cidade.

“E che, se pure tentano di modificarlo, ne resultano alla fine trasformati”. Não falemos de transformações – acho que não saberia por onde começar. Se a minha percepção desta cidade mudou desde o momento em que, há cinco meses atrás, pus os pés nela, posso dizer que ela também me mudou a mim (e não foi pouco). Para melhor, para pior, não sei – também isso é muito relativo. Mas sinto-me outra depois desta experiência. Com mais responsabilidade, com mais iniciativa, com a consciência de que o tempo passa depressa demais para podermos “deixar andar”.

Faço agora uma retrospectiva e vejo como esta está a ser A experiência da minha vida. E ao olhar para as dúzias de separadores do Firefox com tradutores, dicionários de italiano, o causes.com do Facebook, o documento do Word que começa com "Cause Organizzazioni vs Cause Individuali", apetece-me mandar tudo isto a um sítio que eu cá sei e ir para o Coliseu - o nosso lugar - sentir este espaço que é tão relativo. Tão relativo, tão relativo, que daqui a uns dias deixa de existir.


(Esta música não me tem saído dos ouvidos. Tomei a decisão de ignorar os comentários da Mariana, que diz que "quase roça o piroso" e prestar antes atenção à letra, que tem o dom de dizer exactamente o que sinto em relação a esta cidade.)

3 comentários:

Lilas disse...

Ai que estou com taaaaanta curiosidade de aí chegar! :D
E acredito, acredito mesmo que seja um mundo à parte e que vos vá custar muito a deixá-lo para trás! **

João disse...

Depois de ler isso tudo, acho que, mesmo para quem só esteve em Roma 4 dias (desta vez), a frase do Sr. Castanho também se aplica.

Em menor amplitude é certo... mas c'um raio, Roma também me transformou um bocadinho...

Aproveita (aproveitem) bem os últimos dias!

bjs

Vitor Hugo Ferreira disse...

Acho que vou quase repetir aquilo que escrevi no dia 22 de Agosto quando estavas quase de partida...ç


Não te posso dizer que sei exactamente o que sentes... nunca vivi 6 meses fora do país.
Já me aconteceu duas vezes deixar a "vidinha" que tinha pra trás e ir à aventura...

Ambas as vezes foi uma sensação estranha... Deixei a família, os amigos, os locais de sempre, os portos de abrigo, o que conhecia e gostava para trás e fui...



Todos os espaços onde vivi têm o seu significado... Évora, Coimbra e Maia têm e terão as suas coisas especiais, as suas coisas menos boas, mas principalmente as memórias que nunca se apagarão!

No entanto também todos os outros locais que percorri têm um significado especial e único... Lousã, Gerês, Lisboa, Porto, Roma, etc... são obrigatoriamente vistos de maneira diferente por mim, ou por quem nunca lá passou... e ainda bem... só quer dizer que esses locais foram marcantes!!!


Tal como em Agosto, espero que voltes (na altura parecia muito longe) com a mesma sensação que eu tenho... viver vale sempre a pena se a vida for vivida em pleno!


Beijinho,
Vitor