outubro 28, 2011

Relationship Status: Amor-ódio

A parte boa de ter uma vida hiper-mega-ocupada é conseguirmos dar imenso valor a pequenas coisas que, por habitualmente não terem espaço na nossa agenda superlotada, são como um pequeno oásis na semana.
Começo a sentir o que é ser jornalista. Até ao segundo ano de curso, aquilo que achamos que é uma enorme carga de trabalho transforma-se subitamente numa brincadeira de crianças. No terceiro, quando os prazos são todos "para ontem" e começamos a perceber que não dá para deixar tudo para a véspera, a máxima "as notícias não esperam" começa ocupar os nossos pensamentos de uma forma estúpida. A sério que tenho uma história incrível para contar, que posso ter depoimentos tremendos e empenhar-me a sério na forma de a escrever e que tenho que passar essas etapas todas à frente porque o prazo é apertado e o tempo de antena mínimo? A sério que adoro todos os trabalhos que tenho e não tenho tempo para me dedicar a nenhum?
É uma luta interior constante, "como fazer o melhor possível num curto espaço de tempo". Às vezes, sinto-me numa maratona constante. E depois penso: "Inês, esta foi a vida que tu escolheste".
Acho que é impossível ficar indiferente ao jornalismo. Não é daquelas profissões que possam vir acompanhadas de um encolher de ombros. "Eh, sim, até gosto de fazer isto. Dá para ganhar dinheiro." É impossível ouvir isto da boca de um jornalista. Em primeiro lugar, porque não dá dinheiro; em segundo lugar, porque o grande pré-requisito para se ser jornalista (ou pelo menos um bom jornalista) é ser-se apaixonado pela profissão.
Acho que começo a construir um amor-ódio muito forte pela vida que escolhi para mim. Ódio porque quando olho para a minha agenda e para todas as coisas (e pessoas) a que(m) tenho que dizer "não", fico furiosa. Amor porque esta é, como escrevi no meu Facebook esta semana, "A profissão mais imprevisível, aventureira e aliciante à face da terra". E eu, que abomino rotinas, não poderia querer outra coisa.
Como é que numa só semana levo com a frieza de uma entrevistada na Reitoria, com a simpatia do dono de uma das lojas mais antigas do Porto, com a má educação de um barbeiro com a mania que é vedeta e com a mega-simpatia do director da Porto Restaurant Week, que se prontifica a oferecer-me dois convites para jantar num restaurante de luxo?
Cada telefonema, cada encontro marcado com um entrevistado é uma incógnita. Às vezes, transforma-se numa autêntica frustração; outras vezes, enche-nos o coração; há até situações em que embarcamos em aventuras que nunca poderíamos imaginar.
Esta é, sem dúvida, a melhor profissão do mundo. Com todos os defeitos que tem. Pelo menos, do meu mundo.
E no fim da semana há-de sempre haver um café que faz esquecer a "lista quilométrica" de afazeres e nos lembra que, por muito preenchida que a agenda esteja, eles estão sempre lá para nos fazer esquecer de tudo.

2 comentários:

Lilas* disse...

Adorei este post!
Adora o que escolheste porque para se fazer bem, tem mesmo que ser com Amor!
Eu já estou a passar por isso e tenho a certeza que vais ter essas experiências todas na vida profissional daqui a muito pouco! =)

Beijo <3

Lolita disse...

Hoje mesmo estava comentando com alguns amigos do facebook sobre profissionais do jornalismo que vão totalmente contra a ética profissional.
Mas quando encontramos pessoas que se dedicam seu trabalho e que fazem por amor, assim como você, ainda continuamos acreditando na honestidade e no carater das pessoas. Parabéns!

Visite meu blog também :) http://lolitasin.blogspot.com/