Ando aqui à procura de razões para dormir e nenhuma me parece maior do que a vontade de falar-te. Olho constantemente para o teu passado claro e o teu presente escuro e sinto-me uma intrometida. Também tens direito ao teu tempo a sós contigo, porque tens o direito de perceber o teu lugar no teu próprio coração. Talvez não saibas, mas o teu coração também pode ter lugar para ti. É a esse espaço que precisas de te dedicar. Esquecer os outros, e aprender que o egoísmo, em doses pequenas e tomadas no momento certo, não tem que ser uma coisa má.
Seria injusta se dissesse que gostava de apagar o teu passado. Afinal, foi ele que fez de ti a pessoa que vejo. Chamas-te piegas e falas da tua baixa auto-estima como verdade irrevogável, porque acreditas sinceramente que nunca te vais dar a ninguém como já deste. Não te condeno. Já vi corações magoados como o teu, conheço-lhes as manhas. Mas sonho com o dia em que terás suficiente confiança em ti mesmo para confiares tudo a outra pessoa. E por muito que esse dia pareça hoje o mais longínquo de todos, eu acredito que chegará.
Nunca fui uma pessoa muito paciente. Quis sempre as coisas feitas para ontem. Às vezes penso que és o meu maior desafio; outras, acho que não devia arriscar esperar o que pode não chegar nunca. Mas é tarde demais. A tua insegurança e sede de ti mesmo já aqui moram. Resta-me morar com elas, e contigo transformá-las em algo mais teu.
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