Não chegamos a desgastar-nos.
Tento selecionar as memórias e concentrar-me no feio, no mau que fomos, no lado do coração que deixaste mais pequeno. Tento olhar para o negro, para a dor, para a raiva.
Mas não encontro.
Não chegamos a desgastar-nos. Por muito que me esforce, não encontro nada que me descanse e faça pensar "foi melhor assim".
Fazias questão de me lembrar que um dia ia deixar de ser tudo perfeito. Que, nesse dia, ias descobrir-me os defeitos todos, e ias aprender a conviver com eles.
Não conseguiste. Antes de pensar em ficar aborrecida, chateada, triste com o que quer que fosse, aí estavas tu a admitir os teus erros e a mencionar a tua adorada palavra: "desculpa". Afastaste-nos do negro com a tua luz, e parecia que ela não se apagava nunca.
Agora vejo, guardaste o negro todo para ti. E, quando quis conviver com ele, impediste-me a entrada.
Não te condeno. És bom demais para me deixares entrar no teu coração encolhido. Vives com medo de me estragares a aura positiva e não percebes que, sem ti, o meu positivismo é só a máscara que escolho usar todas as manhãs.
Tento selecionar as memórias e concentrar-me no feio, no mau que fomos, no lado do coração que deixaste mais pequeno. Tento olhar para o negro, para a dor, para a raiva.
Mas não encontro.
Não chegamos a desgastar-nos. Por muito que me esforce, não encontro nada que me descanse e faça pensar "foi melhor assim".
Fazias questão de me lembrar que um dia ia deixar de ser tudo perfeito. Que, nesse dia, ias descobrir-me os defeitos todos, e ias aprender a conviver com eles.
Não conseguiste. Antes de pensar em ficar aborrecida, chateada, triste com o que quer que fosse, aí estavas tu a admitir os teus erros e a mencionar a tua adorada palavra: "desculpa". Afastaste-nos do negro com a tua luz, e parecia que ela não se apagava nunca.
Agora vejo, guardaste o negro todo para ti. E, quando quis conviver com ele, impediste-me a entrada.
Não te condeno. És bom demais para me deixares entrar no teu coração encolhido. Vives com medo de me estragares a aura positiva e não percebes que, sem ti, o meu positivismo é só a máscara que escolho usar todas as manhãs.
Não quero que te sintas culpado por me teres destruído a vida ou a alegria com que vejo as coisas. Não destruíste. Deixa-me só estar no meu canto por agora. Como diz o José Luís Peixoto, tudo se transforma em tempo, mais cedo ou mais tarde.
Acredito que o tempo se vai encarregar de nos tornar tempo. Tempo alegre, tempo inesquecível. Tempo perfeito, porque na verdade nunca chegamos a desgastar-nos. Acredito que ele também se vai encarregar de transformar esses nós que te atam em tempo. E que, quando o fizer, essas asas vão voar de novo. Ou saltar barreiras. Ou muros com grades bicudas.
Perdoa-me por nos expor assim. Mas o que é eterno é para ser do mundo. É isso que o faz girar.
"Os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.
Foste eterno até ao fim." José Luís Peixoto
"Os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.
Foste eterno até ao fim." José Luís Peixoto
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