julho 05, 2012

As guerras

são estúpidas.
Uma frase que ficaria muito bem num discurso de uma miss qualquer, seguida de um sorriso ensaiado para as câmaras.
Ainda assim, a mais crua das verdades.
As guerras ficam muito bem nos frisos cronológicos coloridos dos livros de História, seguidas de Tratados de Paz assinalados com muita boa vontade das diversas partes.
Nos livros de História, as guerras têm nomes de países e de alianças entre países. Não têm rosto humano. Ali, nas páginas coloridas, as guerras são só guerras; na realidade, as guerras são desumanas.
Que razões poderá reunir um homem com outro homem à sua frente? Que razões terá para apertar o gatilho? Para, com um leve movimento do indicador, estourar com os sonhos de alguém, o filho de alguém, o pai de alguém?
Naquele instante que dura horas, que razões há para mover o indicador?
As questões económicas e políticas que vêm nos livros de História estão ali? Naquele momento em que o dedo mexe e um corpo cai, inerte, no chão, há razões económicas maiores?
Que razões são essas que tornam a carnificina aceitável ou lógica? Que atiram um explosivo em direção à lua e deixam que histórias cheguem ao fim?
Que acaso macabro é esse que deita por terra um homem porque deu dois passos à esquerda em vez de à direita, ou em frente, ou para trás, ou na diagonal?
Que razões estão ali? O que torna alguém inimigo a eliminar?
É o país? Morrem pela nação? O que é que a nação lhes dá para morrerem por ela? De que serve a sua morte? A quem serve? Aos políticos, sentados nos gabinetes a abanar a cabeça quando vêm crescer o número de mortos? Aos cidadãos, que vêem na televisão e mudam de canal porque a violência não dá bem com peixe grelhado?
De que serve morrer, de que serve matar dezenas, centenas, de olhos fechados para não lhes ver o coração ou a súplica? Quem substitui os remorsos por orgulho? Que jogos de cabeça se fazem para a morte se tornar positiva?
As guerras são estúpidas. Mas mais que estúpidas, são revoltantes. Se nos livros e nos filmes já conseguem revoltar, não dá para imaginar na realidade.
É estúpido e revoltante, é isso. Pelo menos para quem ainda tem uma pinga de humanidade dentro do corpo.

Nenhum comentário: