Estava no quarto, deitada na cama. Contrariamente às outras noites, deixei a luz ligada na mesinha ao lado da cama, e olhei em volta.
Na estante ao meu lado, na prateleira de cima, estava um brinquedo. Não daqueles brinquedos que nos dão enquanto somos crianças e que gastamos até quase não parecerem o que realmente são, mas um brinquedo de “decoração”. É que a partir de certa altura os brinquedos deixam de ser para brincar e passam a estar lá só porque ficam bem na estante…
Este foi-me dado há pouco tempo, vindo da Madeira… Sim, alguém que foi lá e que me trouxe de recordação das férias. Na altura, sei lá, há uns dois ou três anos, achei muito giro, e pu-lo logo na estante… e lá ficou. Era um daqueles comboios de letras de madeira, onde se lia, como é óbvio, o meu nome. INÊS. Cada letra como se fosse uma carruagem diferente de um comboio só.
Era um brinquedo muito simples. Um brinquedo com o qual eu nunca brinquei. E se não serviu para brincar, pelo menos serviu para eu pensar em mim própria.
É estranho? Talvez, mas é a verdade. Os meus olhos detiveram-se ali durante uns minutos largos… e pus-me a pensar.
Perguntei-me quem era aquela Inês a quem deram aquele brinquedo. “Quem és tu?”, era a pergunta que não me saía da cabeça.
- Sou a Inês, tenho 16 anos, vivo na Maia, ando no décimo primeiro ano em Ciências Sociais e Humanas…
“Sim, está bem. Mas não te perguntei como te chamas, que idade tens, onde moras ou em que curso andas. Perguntei-te quem és.”
- Sou uma pessoa que gosta de escrever, de ler, do mar, do vento…
“Sim, sim. Agora já sei de que é que gostas. Mas quem és?”
- Espero ser uma grande jornalista um dia. Quero escrever para um jornal ou para uma revista, de preferência crónicas, que é aquilo que mais gosto de escrever, dá-me liberdade para escrever o que quiser!”
“Hm, que bom. Hás-de ter uma carreira fantástica. Mas quem és?”
- É pá, que caraças! Sou uma pessoa como as outras.
“És uma pessoa? O que é uma pessoa?”
- É alguém que vive.
“O que é viver?”
Parei. Sabia que já tinha dado muitas voltas, mas cheguei ao que realmente importava. E a esta pergunta já não podia dar uma resposta qualquer… Tinha percebido que saber quem sou é muito mais do que saber o meu nome, a minha idade, ou aquilo que faço da vida. É saber a minha essência como pessoa que vive.
Na estante não havia só aquele comboiozinho. Havia livros, uns que gostei mais, outros menos, havia mais uns bonecos… e muitas fotografias. Uma com uma amiga a fazer figuras parvas, uma com os meus pais, outra com um grupo de amigos…
Então percebi realmente quem eu era. Eu era a Inês, prima da Rita, filha da Eduarda e do Nuno, amiga da Maria Rita e da Tita… era a Inês que tinha sido tão feliz naquela viagem ao Gerês com aqueles amigos, era a Inês que tanto tinha gostado daquela passagem de ano com aquelas amigas…
E estava tudo ali, naquelas fotografias! Bocados de mim estavam naquelas prateleiras… e tantos outros faltavam!
Quem é que eu sou? Eu sou a Inês dos meus pais, dos meus amigos, dos meus avós e da minha prima. Sou a Inês que é relação e em relação. Não sou sozinha, por isso não consigo dizer quem sou sem mencionar uns quantos nomes mais.
Para mim viver é construir-me em cada dia. É ser quem sou em toda a plenitude e aproveitar cada traço meu para o transformar numa só coisa: em Amor.
Por isso, se me perguntares quem sou, só te posso responder que sou o resultado de muitos “eus” que me fizeram e vão fazendo. Sou resultado de Amor. E construo-me assim, em relações de amor…
Vivo à procura de quem sou realmente, não encontro resposta que me satisfaça. Sou incompleta, por isso sou feliz. E acho que nem quando for velhinha te vou saber dizer quem sou!...
Porque a resposta não se dá nem se encontra. Vive-se!
Na estante ao meu lado, na prateleira de cima, estava um brinquedo. Não daqueles brinquedos que nos dão enquanto somos crianças e que gastamos até quase não parecerem o que realmente são, mas um brinquedo de “decoração”. É que a partir de certa altura os brinquedos deixam de ser para brincar e passam a estar lá só porque ficam bem na estante…
Este foi-me dado há pouco tempo, vindo da Madeira… Sim, alguém que foi lá e que me trouxe de recordação das férias. Na altura, sei lá, há uns dois ou três anos, achei muito giro, e pu-lo logo na estante… e lá ficou. Era um daqueles comboios de letras de madeira, onde se lia, como é óbvio, o meu nome. INÊS. Cada letra como se fosse uma carruagem diferente de um comboio só.
Era um brinquedo muito simples. Um brinquedo com o qual eu nunca brinquei. E se não serviu para brincar, pelo menos serviu para eu pensar em mim própria.
É estranho? Talvez, mas é a verdade. Os meus olhos detiveram-se ali durante uns minutos largos… e pus-me a pensar.
Perguntei-me quem era aquela Inês a quem deram aquele brinquedo. “Quem és tu?”, era a pergunta que não me saía da cabeça.
- Sou a Inês, tenho 16 anos, vivo na Maia, ando no décimo primeiro ano em Ciências Sociais e Humanas…
“Sim, está bem. Mas não te perguntei como te chamas, que idade tens, onde moras ou em que curso andas. Perguntei-te quem és.”
- Sou uma pessoa que gosta de escrever, de ler, do mar, do vento…
“Sim, sim. Agora já sei de que é que gostas. Mas quem és?”
- Espero ser uma grande jornalista um dia. Quero escrever para um jornal ou para uma revista, de preferência crónicas, que é aquilo que mais gosto de escrever, dá-me liberdade para escrever o que quiser!”
“Hm, que bom. Hás-de ter uma carreira fantástica. Mas quem és?”
- É pá, que caraças! Sou uma pessoa como as outras.
“És uma pessoa? O que é uma pessoa?”
- É alguém que vive.
“O que é viver?”
Parei. Sabia que já tinha dado muitas voltas, mas cheguei ao que realmente importava. E a esta pergunta já não podia dar uma resposta qualquer… Tinha percebido que saber quem sou é muito mais do que saber o meu nome, a minha idade, ou aquilo que faço da vida. É saber a minha essência como pessoa que vive.
Na estante não havia só aquele comboiozinho. Havia livros, uns que gostei mais, outros menos, havia mais uns bonecos… e muitas fotografias. Uma com uma amiga a fazer figuras parvas, uma com os meus pais, outra com um grupo de amigos…
Então percebi realmente quem eu era. Eu era a Inês, prima da Rita, filha da Eduarda e do Nuno, amiga da Maria Rita e da Tita… era a Inês que tinha sido tão feliz naquela viagem ao Gerês com aqueles amigos, era a Inês que tanto tinha gostado daquela passagem de ano com aquelas amigas…
E estava tudo ali, naquelas fotografias! Bocados de mim estavam naquelas prateleiras… e tantos outros faltavam!
Quem é que eu sou? Eu sou a Inês dos meus pais, dos meus amigos, dos meus avós e da minha prima. Sou a Inês que é relação e em relação. Não sou sozinha, por isso não consigo dizer quem sou sem mencionar uns quantos nomes mais.
Para mim viver é construir-me em cada dia. É ser quem sou em toda a plenitude e aproveitar cada traço meu para o transformar numa só coisa: em Amor.
Por isso, se me perguntares quem sou, só te posso responder que sou o resultado de muitos “eus” que me fizeram e vão fazendo. Sou resultado de Amor. E construo-me assim, em relações de amor…
Vivo à procura de quem sou realmente, não encontro resposta que me satisfaça. Sou incompleta, por isso sou feliz. E acho que nem quando for velhinha te vou saber dizer quem sou!...
Porque a resposta não se dá nem se encontra. Vive-se!
7 comentários:
'es a Ines da tua prima, da Tita da Maria Rita. Nao imaginas como 'e bom ler isto.
Também não sei responder sobre todos os teus eus, sobre a Ines da MariaRita sei que es essencial na minha vida. Sei que és sim uma pessoa, diferente, muito diferente. Sei isto e muito mais. Sei tambem que gosto dessa ines e que a quero sempre comigo.
Olá Inês!
Eu também me chamo Inês e tenho nove anos.
O Rui Santiago trata-me por INESITA.Já estás a ver quem sou?
Li o teu post e gostei muito!Também tenho na minha estante coisas parecidas com as tuas.
Se calhar quando tiver a tua idade também as vou recordar dessa maneira.
Beijinhos meus, da minha mãe Mila e da minha irmã Marianinha.
BOA PÁSCOA!!!
Olá Inês!
Costumo vir até aqui ao teu cantinho mas nunca me tinha atrevido a comentar, mas hoje atrevi-me, porque ainda ontem me perguntaram quem era a Liliana? Pois eu fiquei a pensar sem saber responder muito bem. É de facto uma pergunta de difícil resposta, mas tudo o que dizes faz muito sentido, pelo menos para mim faz.
Continua a ser assim como és.
Beijo
Olá Inesita!
Então não estou a ver quem és... Já ouvi falar muito de ti! E ouvi dizer que tens um coração muuuito bonito...
Olha, tenho a certeza que quando chegares à "minha idade" (que não falta assim tanto tempo quanto isso , hehe :P), vais ser uma Inesita ainda mais bonita do que és hoje e por isso vais recordar as coisas de uma forma muito bonita também...
E é claro que também é do nome, que as Inesitas são um espectáculo :D Hehehe
Beijinhos para ti, para a tua mana e para a Mila! :)
Boa Páscoa!
Liliana, muito bem vinda... podes-te atrever a comentar quando te apetecer :)
...
Maria Rita... Muito OBRIGADA! Oh, tu já sabes :)
*.* foi o texto mais bonito que escreveste. Sem duvida. Aiii tu tens o poder de me por a pensar caraças x), nao precebo quando leio um texto teu calo-me por 5 ou 10 minutos a pensar no que disseste. é inacreditavel, parece que tudo o que sai de ti sai com tanta convicçao e tanta certeza que faz com que eu propio duvide do que eu penso e reflicta que se calhar quem tem razao és mesmo tu. Parabens mesmo e tudo isto porcausa de um comboio.. um tal comboio que a minha irma mais nova tem. Deus queira que ela tambem tire esta conclusao
És bestial*
sabes? és daquelas pessoas que dá vontade de conhecer muito bem... que dá vontade de ser amigo... de gostar muito... de receber de ti... porque pareces ser e ÉS de facto uma pessoa LINDA!;)
BJINHOS**
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