maio 04, 2008

1 milagre=1 velinha; 2 milagres=2 velinhas 3 milagres=2 velinhas mais 1 ligeiramente maior; 4 milagres=1 voltinha à capelinha! Done.

Sinceramente, nunca percebi muito bem o fenómeno “Maria”.
Nunca percebi os mil e um nomes, os cultos exagerados, as estátuas, as trezentas imagens diferentes, a maratona de terços em Maio, nunca percebi bem a razão de ser do terço, até. Nunca percebi porque é que o simples facto de repetirmos quinhentas vezes uma oração cujo sentido nem sequer percebemos bem é importante.
Nunca percebi Fátima, os sacrifícios, as velinhas, as construções grandiosas, o mercado que ali se gerou, onde se estampa nossas senhoras em tudo e mais alguma coisa.
Não consigo, pronto! Nada daquilo me encaixa, e às tantas quem paga é a realidade que ela é…
Ontem relembraram-me na catequese algo que já sabia mas que para mim foi, ainda assim, muito novo. Aquilo do que é realmente o pecado original, que não é a simples e suposta virgindade de Maria, que isso de a relação sexual ser um pecado que a mãe do salvador não poderia cometer é uma simples invenção própria da Idade Média…
Sim, isso. Voltou a ganhar algum sentido.
Mas pronto, olhem, ainda me faz tanta confusão… para mim, Maria só é um exemplo na medida em que mostra que é possível dizer Sim, que é possível gerarmos coisas muito bonitas em nós e para o Mundo.
O que já é uma grande coisa, o “só” ali se calhar não fica muito bem. Mas… porquê esta idolatria toda? Sim, ela é mãe, sim, as mães são importantes. Mas às vezes dá-me a sensação que as pessoas agarram-se demasiado a ela porque lhes transmite o “lado maternal” que Deus já perdeu!
E isso enerva-me. Porque continuam a pôr barbas brancas e compridas no velhinho da poltrona chamado “Deus” e a separar Dele o lado maternal que Lhe é tão característico!
Maria continua a ser a “mãe do céu”, querida e fofinha, que nos alivia as tormentas, e Deus o Todo-Poderoso que é capaz de nos castigar dos males que cometemos, como o pai que chega a casa e saca do cinto para resolver as coisas lá de casa!
Não, não me encaixa. Talvez seja injusta, talvez retire demasiada importância a Maria, porque ela se calhar até merece muita importância. Dizer sim não é fácil… mas idolatrá-la? Porquê, para quê?
Porque é que não lhe seguimos simplesmente o exemplo e começamos a gerar corações cheios do Amor do seu filho?
Porque é que não fazemos da nossa vida um constante sim, em vez de lhe pedir milagres e acender velinhas?
Eu não sei. Se calhar isto não faz muito sentido, mas é o que sinto… que ela é um bom pretexto para ficarmos quietinhos no sofá a ver os seus milagres acontecer. E depois pomos lágrimas de cera a escorrer-lhe pela face…
Não, esses milagres não me interessam para nada. Interessa-me o milagre do Sim, que esse sim, implica-nos. E parece que nos põe molas do rabo e nos obriga a levantar do sofá.
Esse milagre move… e move de tal forma que percebemos que esfolar os joelhos não é de todo a melhor forma de agradecer. A melhor forma é fazer acontecer mais milagres, e na nossa vida!
Oh, que caraças, já me esquecia. Mas esses não dão muito jeito, porque os joelhos esfolados saram mais depressa…

2 comentários:

Anônimo disse...

Ines, deixas-me fazer uma "coisa"? então..assino tb o meu nome por baixo do teu.
Será que O Pai quer ver os seus filhos a sofrer por uma dor carnal insuportável? Uma dor que era perfeitamente evitavel? estava tentada a chamar esta dor de joelhos d outra forma... Nao compreendo. Nao percebo. Faz-me confusão!
Milagres!?humm...
Vi no teu texto pensamentos que tb passam pela minha cabeça e olha que nao poucas vezes :O
Talvez um dia...venha a compreender mas para já não.

No fds JR disse-te que escrevias mto bem , sublinho e reclassifico : és fenomenal Inês!:P

Beijinhos

Anônimo disse...

És incrível Inês!
Fico estupefacta com o que escreves aqui!
Sabes o que me apetecia?
"Abrir a cabeça ao meio" de algumas pessoas que eu conheço e enfiar-lhe este texto,para que elas entendam.Eheheh!Como se isso fosse possível!
Sim eu sei,eu sei não é por aí...

Beijinhos de: Mila, Inesita e Marianinha.