julho 11, 2008

Acampamento Albernoa - de volta :)

“Sabes, eu uma vez também me zanguei com o óó, o meu ursinho, e pu-lo de castigo! Ficou uma semana sem dormir comigo. Mas eu depois perdoei-o, e agora somos outra vez amigos…”, dizia a Bia, a menina com os olhos mais bonitos do mundo.

Foi depois daquela briga que as amigas haviam feito! Estavam chateadas, não se falavam e pareciam não querer dar o braço a torcer! Teimosas até dar com um pau! E só a Bia e mais duas ou três pareciam ouvir as nossas pacientes palavras… “Somos todos amigos, se viemos para cá foi para estarmos uns com os outros! É claro que erramos, mas sentimo-nos tão bem quando sabemos perdoar…”.

Acabaram por fazer as pazes. A Isa batalhou, mas conseguiu! Passado uns momentos, a Catarina e a Iara eram já as melhores amigas.

E Albernoa foi isto. Ou melhor, Albernoa foi muito mais do que isto! Foi horas e horas a montar tendas num terreno onde a rocha era abundante (olhem, não voaram por um triz!), foi cooperar com a bosta de cavalo, que era também abundante, foi aguentar dias tórridos, secos, foi pele bem queimadinha, que o protector solar não chegou, foi tentar tomar conta de miúdos pouco habituados a regras, foi pôr este e aquele a comer aquilo que deixaram no prato, foi cantar até termos a certeza que estavam com vontade de nos bater, foi inventar jogos à pressão para os entreter, foi pô-los a correr, a rir à gargalhada.

Foi brincar na piscina, brincar aos salva-vidas, aos tubarões (sou já profissional em brincadeiras aquáticas), foi saltar, ensinar a nadar, fazer amonas, levar com amonas, fazer corridas.

Orações? Uma muito pequenina, com meia dúzia deles, os que estavam para aí virados. Noite cerrada, sem luz, sem condições para fazer algo aceitável. Não sei se ficou alguma coisa, espero que sim.

Miúdos pouco habituados a parar, a estar em silêncio, com demasiada energia para procurarem algo cá dentro! Era o que havia, foi o que deu.

Depois? Dormir no chão duro, apertados, com calor, com bichos, sem casa de banho sequer. Mandar calar, tentar dar o exemplo, rir baixinho.

Acordar, caminhar, mais piscina, mais almoço, mais cantar, mais jogos.

Desmontar tendas com uma ventania terrível. Tirar espeques (espias? piquetas? isso, sim.) bem enterrados, bem dobrados, bem forçados. Meter tendas mal dobradas, imundas, dentro de sacos.

Roupa suja, corpo queimado, pele suada, pouca energia, cansaço, terra nos olhos, nas mãos, na cara e nos pés. Últimas energias. Gargalhadas, gritos, figuras tristes. Paciência.

Chegou ao fim.

Por fim, o banho merecido, o jantar quente e a cama fofa.

Não houve tempo para despedidas, infelizmente. Gostava de ter dito um “gosto de ti” àquela gente. Sinto que precisavam e que, acima de tudo, era verdadeiro.

Correu bem? Sim, correu… as condições não foram as melhores do mundo, os miúdos não têm as mesmas possibilidades de educação a que estamos habituados. Muita coisa custou muito. Mas no fim de tudo nós gostávamos deles e eles de nós, e isso é o importante.

Já agora, para quem não percebeu a literatura, isto foi assim: fui eu, a Isa e o Filipe representar todo o grupo MEL a Albernoa. Ou melhor, Albernoa foi apenas o ponto de encontro e o de partida, porque quarta e quinta passámo-las a acampar na Vila Galé, mais propriamente no campo onde pastam os cavalos. Uma vista muito bonita, mas poucas condições para acampar. Não é propriamente um parque de campismo!...

Por incrível que pareça, deixaram-nos usar a piscina. E que bom! As crianças adoraram e (shhh, baixinho!) eu também.

Para eles, fomos os “jovens do Porto que vieram para ajudar”. Senti-me grande! Mas é estranha a sensação de não termos ninguém que nos cubra as costas.

Foi uma pena não podermos ir ao lar ver os idosos com quem estivemos da última vez. Não deu tempo! Desta vez, foi para as crianças a tempo inteiro.

E pronto.

Acho que é isto.

Tinha prometido sorrisos, guardo comigo uns bem bonitos. Isso e umas grandes traquinices. Mas isso faz parte.

3 comentários:

Anônimo disse...

Foi tão bom! tão intenso, tão...cheio. Começou por ser um pouco assustador, mas aos bocadinhos lá fomos dando conta do recado. Foi bom! Aquelas crianças...aqueles olhares q quase nos batiam no inicio (devido ao facto de os obrigarmos a comer o q estava no prato) passaram a grandes sorrisos e a frases do jogo do telefone como: 'obrigada por terem vindo do Porto até aqui' Dá cá um calor no coração! Aquece a sério.. Foi bom, mas realmente é estranho não ter ning p nos proteger as costas. e 'os grandes? ond estão?' Pois, portanto..desta vez os grandes eramos nós. Foi tão bom... e sim, é verdade, quero voltar. Até apanhar outro escaldão nas orelhas (x um grande beijo*

Ai..Albernoa, Albernoa.

'Eis-me aqui Senhor, eis-me aqui
no meio do 'bento' e do poeira
e mesmo assim não vou embora
Olha lá, como eu gosto de ti!'

Hannah disse...

Oh, fico tão contente por vocês.
Estou ansiosa por logo à noite para saber mais pormenores destes dias cheios de :D

Anônimo disse...

sabes que mais?! :D