dezembro 05, 2008

O Todo Poderoso e a linguística (Han? Título charmoso!)

Às vezes fico triste quando, nas minhas andanças, me dou conta que o “Deus velho” está mesmo impregnado na nossa sociedade. É claro que, depois, as nossas crianças chegam à catequese com a ideia de um Deus que está lá nas nossas aflições quando estamos muito mal porque é o “eterno bonzinho” e que nos castiga quando não fazemos o que ele quer porque é o “eterno Todo Poderoso”…

Tenho andado a reparar que ele até já se infiltrou na linguística!

Senão, vejamos:


Quando estamos escandalizados com alguma coisa, dizemos: “Oh meu Deus!”

Quando estamos aflitos, dizemos: “Ai Jesus!”

Quando estamos a reclamar com alguma coisa: “Oh, valha-nos Deus…”, “Oh, Virgem Mãe…”

Temos esperança que algo de bom aconteça: “Olha, Deus te oiça!”

Estamos numa daquelas conversas de circunstância com alguém que não vemos há anos: “Olha, haja saúde! Deus nos ajude”

Dói-nos alguma coisa: “Ai Jesus, as minhas costas!”

E coisas como: “Credo!” “Cruzes, credo, canhoto! Nem digas isso…”

“Ai, Santa Rita…”, “Ai Senhor dos Aflitos me valha e me acuda…”, etc. etc.


Aiiii!

Porquê?

Eu própria digo isto tudo com uma naturalidade…


Porque é que não dizemos antes, quando há fogo: “Ai bombeiros…”

Ou quando dói a barriga: “Ai, o senhor doutor me ajude…”


Porque raio é que temos que meter Deus, e Jesus, nisto?

Já está tão infiltrado, que para remar contra esta maré dói de uma maneira… está tudo enferrujado! As crianças de 6 anos já vêm com estas ideias na cabeça!

E porque é que me lembrei disto? Porque já várias vezes, em brincadeiras com o meu afilhado, faço qualquer coisa, ponho a mão na cabeça e digo: “Ai Xesus!”. E ele ri-se com aquelas bochechas fofinhas, a família ri-se, todos ficam muito divertidos… mas ele nem um ano e meio tem, e já está a ouvir a palavra “Xesus” num contexto que não tem nada a ver!

Num contexto em que, supostamente, estou “aflita” com alguma coisa…

Inconscientemente, todos fazemos isto! E porquê? Porque são séculos a acreditar num Deus assim… e porque o hábito é danado! É danado mesmo… e contrariá-lo? Ui, custa! Custa imenso!

Eu, cá por mim, vou tentar abolir o “Ai Xesus”. O que não vai interessar nada, porque ele vai ouvi-lo de mil e uma bocas…

É o que temos. O que vale é quem quer e tem o privilégio de conhecer o outro DEUS, o a sério, acaba por dar um pontapé bem certeiro no rabo divino do outro…

É o que nos vale. E agora, porque não estou a gostar nada de mim e ultimamente só despejo coisas negativas neste blog, podem dar uma saltadela aqui, porque hoje vale MESMO a pena!


SHALOM!

E até amanhã, se Deus quiser!

5 comentários:

Anônimo disse...

Oh minha linda menina, não te queria bater já, mas não consigo deixar passar!
Faz favor de continuar a dizer "Ai Xesus" ao teu lindo afilhado, pois não interessa a palavra que dizes mas sim o sentimento que essa paravra tem e no que tu acreditas.
É verdade que a maior parte das pessoa aplica essas palavras a pensar num "Deus todo poderoso" ou, conforme a situação, num "Deus piedoso", mas ... tu? Tu, não! Eu sei bem isso, sei muito bem em Quem acreditas, sei muito bem o que sentes!~
Por isso, não deixes de falar e mostrar ao teu afilhado o Deus Amor, o Deus que tu conheces...

Beijocas grandes
Susie

Ps: e não penses que não escapas ás palmadas...

Inês disse...

Ó rapariga, valha-me Deus xD

Tu achas que eu conseguia não mostrar o Deus que eu conheço àquela criança e ao resto do Mundo todo? Tu achas?
Eu estava a falar destas expressões que têm anos, séculos e não fazem sentido nenhum...
E eu ia conseguir que deixassem de existir? Claro que não! E isso é mesmo importante? Provavelmente não, porque o nosso Deus é bem maior do que frases com séculos... mas eu comecei a reparar (porque eu sou absolutamente genial) que a própria sociedade nos impõe estas visões de Deus desde que nascemos! E isso nós não controlamos, infelizmente...

Agora aquele miúdo vai ser muito chateado aqui pela je. Ai isso é que vai. Até perceber que há muita gente que o ama, e que há um em especial que ai cruzes, credo canhoto! Ama-o que é uma coisa doida!

He he :D

E não me batas pleeeeease! :P

Um beijinho grande!

Anônimo disse...

Na hístória, há muitas expressões que quando apareceram tinham muita razão de ser e, provavelmente, muito sentimento e sentido, mas os anos vão avançando e mudam, como mudam...
Sabias que as expressões que muitas vezes usamos quando espirramos, como "Deus te salve" ou "Santinho", apareceram na Idade Média, na época da Peste Negra. Pois quando alguém espirrava era significado que o mais certo era já estar contaminado, por isso as pessoas usavam essas expressões para que Deus as recebesse no Seu Reino.

Um pouco triste, mas engraçado conhecer a origem das coisas...
eu gosto...

Beijocas grandes
Susie

Inês disse...

Ah ah eu sabia! :D

Sim, eu adoro saber a origem destas coisas. Chamar-lhe-ia mariquices. Mas mariquices mesmo giras. É o lado giro da História :)

Um beijinho grande, shô dotora ;)

Anônimo disse...

adoro-te por mil e uma coisas, mas tb por gostares das mariquices da História... hi hi hi

Beijocas grandes
Susie