
Estou a olhar para o monte de roupa que está na cadeira do meu quarto e cuja base já tem mais de uma semana. Estou a olhar para um monte de livros e cadernos que estão em cima da minha secretária há não sei quantos dias, já lhes perdi a conta.
(Minto. Não estou a olhar, estou a olhar para o ecrã, mas ainda agora estava.)
Olho e penso que daqui a pouco a minha mãe vai estar a entrar pela porta do meu quarto e vai dizer: “Vê se me arrumas aquilo, Inês, já está aí há duas semanas” (a minha mãe arredonda tudo para cima, é uma mania irritante). “Olha para aquilo, tudo uma rodilha. Não sei como consegues, sinceramente”. E vai sair outra vez, e eu vou olhar e vou dizer: “Já vai.” e vou esperar que já não tenha roupa para vestir, para então arrumar.
Eu tenho uma desculpa para não arrumar a minha roupa com frequência: não tenho tempo. A minha vida é a vida mais ocupada que conheço, e não dá para me preocupar com esses pormenores.
Mas ontem ouvi alguém a dizer que o tempo não existe. Que é só uma convenção social, que é invenção do Homem, que decidiu encaixar em números algo tão relativo. Agora estou a pensar e o meu professor de Vídeo já disse o mesmo. Começo a ficar fascinada por este homem, que anda a monopolizar este blog.
Se o tempo não existe, então não é por falta de tempo que eu não arrumo aquele monte de roupa. E até podia dizer que é porque tenho que fazer um trabalho para Imprensa e outro para Design e outro para História Contemporânea de Portugal, mas o que é certo é que esta tarde dormi duas horas, enquanto me preparava para “pesquisar para o trabalho de Imprensa”. E que agora estou a escrever coisas sem interesse no blog em vez de trabalhar.
Por isso, não é de todo uma questão de tempo.
Se fosse a minha mãe, não era capaz de começar a trabalhar ou a dormir ou a fazer o quer que fosse sem arrumar primeiro a roupa. Eu não percebo porque é que algumas pessoas não são capazes de se deitar sem antes esticar os lençóis bem esticadinhos, ou porque é que não conseguem sentar-se no sofá se é a secretária que está desarrumada, mas a minha mãe parece perceber muito bem. Ela pode ter que fazer uma directa de tanto trabalho que tem para fazer, mas a cozinha tem que ficar arrumada.
Ao fim ao cabo é tudo uma questão de motivações, como já ouvi alguém dizer (e não, não foi o meu professor de Vídeo). Se em cima da cadeira estivessem caixas de chocolates em vez de roupa, eu iria certamente ter tempo para as “arrumar”. E sei que isto se aplica a muita coisa na minha vida, que estou sempre a deixar para depois. Muitas vezes essa “muita coisa” até é mesmo importante, mas sou um bocado fraquinha a pôr as minhas motivações à frente do que tem que ser.
Agora vou arrumar aquela roupa. Ou então vou fazer o trabalho de Imprensa, que agora já não tenho a desculpa de ter muito sono.
A ver se não arranjo outra motivação melhor.
3 comentários:
Não és a única. Todos temos um bocadinho de falta de motivação para o que é preciso, mas há sempre tempo para o que nos interessa mesmo. Nem que seja dormir... LOL ! Quanto à tua mãe, é uma coisa de mães... A minha também é assim ! :D
O que tem que ser tem muita força :)
Hehehehehehe, eu também sou mãe e sou igualzinha à tua!
E pelos vistos...os filhos são todos iguais. :)
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