agosto 23, 2010

Está grande mas sentido.

Quando era mesmo muito pequena, quis ser cabeleireira. Ainda hoje me pergunto como posso ter querido uma coisa dessas, visto que odiava o meu cabelo, odiava que me mexessem nele e nunca tive muita paciência ou imaginação para pentear outras pessoas. De qualquer forma, queria ser cabeleireira, talvez pela mesma razão com que entrei para o ballet com os meus 7, 8 anos. A minha prima quis, e consequentemente eu quis também. Mais tarde, a minha prima saiu, e consequentemente saí também.

Ou seja: quando era mesmo muito pequena, queria ser o que todas as minhas amigas queriam ser. Depois cresci um bocadinho, e parece que as minhas amigas também cresceram um bocadinho. Então, sonhávamos mais alto. Já não queríamos ser cabeleireiras, porque de repente queríamos todas (ou quase todas) ser veterinárias.

Eu tinha razões fortes para isso. Tive uma cadela linda, a super-cadela. A Cuca. Nunca vi cadela assim, e nunca me custou tanto perder alguém que não andasse sobre duas pernas.
Adiante. Queria ser como a veterinária da Cuca, que nunca tinha medo de nenhum animal que passasse por lá - tivesse ar feroz ou não. Mas com uma pequena diferença: eu não queria operar animais. Tinha tudo para ser uma boa veterinária: gostava de cães, aguentava os gatos, e gostava de cuidar deles. Mas operar? Abrir-lhes a pele e mexer-lhes naquelas coisas nojentas que estavam lá dentro? Isso não era para mim. Ia ser uma veterinária, sim, mas só de consultório.

O tempo passou. E eu deixei de querer ser aquilo que as minhas amigas queriam ser. Sonhei ainda mais alto: por volta do sexto, sétimo ano, quis ser oftalmologista. Ok, agora que analiso começo a ver um padrão nos meus sonhos: desta vez, queria imitar a minha avó.
A minha avó não só é oftalmologista, como é A oftalmologista. Babo-me toda sempre que digo que foi a primeira mulher oftalmologista da cidade do Porto. Ainda exerce, e por acaso ainda hoje estive no seu consultório (Sim, vejo muito mal de um olho. Mas o outro é impecável!).
A minha avó é um grande modelo para mim, e já na altura o era. Tanto que fui na lengalenga do meu pai: "Já viste, Inês, se fores oftalmologista depois podes trabalhar no consultório da avó!". E eu, que via aquele consultório como um lugar de sonho, isolado do resto do mundo, achei que não seria nada desagradável trabalhar lá.

O tempo, mais uma vez, passou. E comecei a reparar que gostava mais das disciplinas ligadas às letras (adorava Português e História, e abominava Físico-Química!). No fim do nono ano, era hora de escolher. E para grande desapontamento dos meus pais, que começavam a convencer-se que iria seguir Ciências e Tecnologias, desta vez não imitei ninguém. E escolhi Ciências Sociais e Humanas.

A partir daí, comecei a não ter grandes objectivos definidos. O que mais tarde seguiria, logo se veria. Para já, ia estudando umas coisas.

Não sei bem de onde surgiu o jornalismo. Acho que muitos dos meus colegas queriam ser jornalistas, mas eu sempre pus de parte essa hipótese. É que quando já temos 16 anos, há um factor que começa a pesar: o "factor-realidade". Afinal, jornalismo era sinónimo de desemprego!

Até que comecei a olhar à minha volta: tudo estava mau, todas as profissões, sobretudo aquelas que se incluíam na minha área. Por isso, foi fechar os olhos e escolher aquilo que mais me fascinava. E mais uma vez não imitei ninguém. Escolhi jornalismo porque era a única coisa, à data, que me imaginava a fazer. E até agora ainda não me arrependi (muito).

E depois surgiu a hipótese de fazer Erasmus. Nunca tinha pensado muito em estudar no estrangeiro. Aliás, sempre pensei que não queria sair de casa, porque estão aqui as pessoas que mais amo. No entanto, como já consegui verificar, nem sempre temos de ir por aquilo que os outros querem ou preferem para nós. Quando realmente nos amam, sabem deixar ir, e mesmo assim não se tornam ausentes.

Aperta-me o coração quando me dizem "Não vás". Mas quase sempre isso é seguido de um "Ok, então vou-te lá visitar!" ou um "ai de ti que deixes de nos ligar!". Ou um incrível "Vou continuar sempre aqui para ti".

Quero tudo menos perder pessoas com esta aventura. Não quero deixar de ligar a ninguém, por muito que saiba que nunca vai ser igual. Afinal, é o que a distância faz: distancia pessoas. Mas espero bem que essa distância não seja mais do que física.

Há 50 anos atrás, a única coisa que podia fazer era mandar uns postais ou fazer uma chamada a peso de ouro. Hoje existem mails, skypes, msn's e claro, o Mesmo Muito Nice.

Combinamos assim então: quem achar que estou demasiado perdida no meio dos italianos, das massas, das pizzas e dos monumentos extremamente grandiosos, está autorizado a publicar aqui um comentário, ou se preferir manda um e-mail ou mensagem ou whatever a dizer: FALA COMIGO CARAGO! Mas por favor não me insulte muito.

Pronto, acho que é tudo.
Fogo, que isto ficou grande! Eu juro que não sabia onde ia chegar com a cena da cabeleireira. Quando é assim, divago, divago, divago e quando chego à última linha já toda a gente mudou de página... o que aconteceu realmente, portanto ninguém está a ler isto.

Batatas.

Ok, eu paro de escrever.

8 comentários:

Ricardo Ascensão disse...

Ai ai... Ta a chegar o dia, né?
Vê lá que tu ainda nem foste e eu até já andei a ver preços de avião para te ir visitar a Roma... (carago... a Ryanair não voa para lá...)
Bem... pelo menos a visita de uns mailzitos e de uns comentários... e de umas SMS's (se tiveres o 91 ligado)... disso não te safas!
E não digo mais nada... que aquela parte mais lamechas tu já sabes :)
Até já, Inesita ;)

Anônimo disse...

Pois é!
é muito giro ter feito parte de todas essas tuas fases! E tu a dançar ballet eras o máximo!!!:)
Mas... Como se matam as saudades a uma criança pequena que espera sempre que chegues?
A escola "jonje" é uma chatice!!!
Também fui uma das que disse para não ires, e espero que depois me digas algo sobre se há ou não um cantinho para ficarmos para te visitares, Ok?
Um beijão enorme da tua
Tiazinha!

Vitor Hugo Ferreira disse...

Já te tinha respondido, mas ao que parece alguma coisa correu mal. Como é obvio não me lembro exactamente do que escrevi... Vou tentar seguir a mesma linha de raciocinio e tentar ser mais breve... (convem)


Acho piada teres querido ser tanta coisa... eu qd novo (mais novo, porque não sou velho) nunca tive grandes planos para o futuro.
Até ao 9º ano não queria continuar a estudar... Felizmente a minha mão convenceu-me e lá fui eu fazer o 12º ano!
Mas havia uma condição... ia fazer um curso tecnológico para fazer o 12º ano e ir trabalhar. E foi então que escolhi Eletrotecnia e Electronica (foi aí que esta cena dos bits, dos zeros e dos uns começou).
Chegado ao 12º ano lá me decidi... afinal queria ir para a universidade... Foi uma corrida, uma vez que no ano anterior tirei a 1ª e única negativa da família no final de um período (quanto mais num ano lectivo)... a matemática.
Com algum esforço e trabalho lá me fazei da matemática, da física (nem percebo como é impossivel gostar daquilo) e dos restantes exames nacionais...

Mais uma vez havia uma condição... eu iria para a universidade mas tería de ser para Eng. Electrotecnica em Coimbra. Nem vale a pena perguntares porquê... eu hoje ainda não me sei responder claramente a essa pergunta.

Os meus pais, com sacrificio à mistura (qd eu entrei ainda morava-mos os 4 em casa) lá proporcionaram ao filho mais novo uma estadia na cidade dos estudantes.

A grande aventura Coimbra começou a 2 de Outubro de 2000 e terminou a 21 de Setembro de 2006.
É então que se dá o meu adeus, ou melhor, o meu "até breve" a Coimbra.
Foi tb o adeus a muitos amigos...

Ouvi várias vezes o mesmo tipo de frases que tu ouves agora...
O egoista "não vás", o típico "vai dando notícias", o comum "vai aparecendo" e o amigo "sabes onde me encontrar"... foram frases que muito ouvi nos 2 meses entre o fim do curso e a saída definitiva de Coimbra.


Apesar de muitas vezes não falar com muitos deles (muitas vezes por preguiça ou mesmo parvoice) a verdade é que me lembro deles quase diáriamente... Não só não os "perdi" como "encontrei" outros (por isso já estou a ganar)! Eles e tudo o que eles significam vão sempre, mas sempre, comigo! Podemos não falar diariamente nem nos vermos durante anos mas a nossa união mantém-se... Esta união, apesar da distância é verdadeiramente um dos sinónimos da palavra AMIGO.


Esta é a minha experiência... tenho amigos que não vejo desde que saí de Coimbra, outros que não falo há algum tempo (meses, ou mesmo anos), mas mesmo assim são pessoas pelo qual faria qq coisa... que valem muito para mim e que vá aonde for terei o orgulho e o prazer de dizer "este é meu amigo"






Isto já vai longo e vou acabar... com algo que alguém me disse em 2000 antes de eu ir para Coimbra e que gostava que fosse a minha mensagem para ti hoje (as palavras são mais ou menos estas):
"Vai e sê feliz... nós ficaremos na retaguarda a torcer e a rezar por ti e à espera que voltes."


beijo,
Vitor

Inês disse...

Ricky... não há voos directos mas há sempre uma escalazinha ou uma viagem de camioneta desde o aeroporto até Roma! AI DE TI que não vás por causa disso :P

A parte lamechas não é para aqui chamada ;P


Tia! E não é que comentaste mesmo? Bem-vinda!
(Vá lá, não falemos de como eu dançava ballet muito desengonçadamente e fiz de lobinha e tudo na peça do pseudo-capuchinho-vermelho.)
O pequeno nasceu na era dos computadores, e estou a espera das festas de família em que a minha mãe vai levar o computador para casa da avó e vou ouvir o "Neeeeis" que tanto gosto :)
Sobre o cantinho, we keep on touch ;)

--

Vítor... Jasus, se agora foste mais breve não sei como foi o comentário anterior! Ainda dizes que não gostas de escrever!
Sim, deves ter alguma experiência em relação a estar distante das pessoas... eu ainda sou um 0 à esquerda! :P
Obrigada! :)

Vitor Hugo Ferreira disse...

eu prometo ser mais breve para a próxima... ;)

Hannah disse...

Batatas?! :)

Já comecei pelos abraços do outro dia, para tu não esqueceres como é bom sentir o miminho dos amigos!

Não vou ser mais uma a dizer "para não ires", sabes porquê? Eu também gostaria de ir contigo :) E tenho a certeza que há um bocadinho que vai.

E não te preocupes se ficares demasiado distraída com as pizzas, os monumentos, etc Aproveita! Afinal só os tens aí, não aqui na vizinhança.
Já agora, traz novas receitas de massa para mostrares cá ao pessoal! Assim passas a ter mais receitas para adicionar à tua fantástica massa com cogumelos :)

Acima de tudo que atinjas os objectivos a que te propões. E se não conseguires, que seja uma optima expirência!

Bjinho :)

Inês disse...

Obrigada Anita :)
Encaro as novas receitas de massa como um desafio. Quando chegar, fazemos a Maratona da Massa!

Hehe :D

Gosto de ti!

Sol da manhã disse...

Roma, que espectáculo :)!
Desejo-te uma graaannnnde e boa aventura.

Um grande abraço.

Até já :)!