maio 02, 2012

Tudo é eterno num segundo

Não me sai da cabeça a tua minúcia a cortar bacon, a perícia a saltar portões ou os acordes que com destreza arrancas da guitarra, a tua fiel companheira.

Não consigo deixar de pensar numa lista de banalidades que nos últimos tempos foram tudo o que tive e achei eterno. Não é que nos visse já de bengala e rugas postas a olhar o céu estrelado de mão dada, como nos filmes. Mas tal como a Ana Moura tantas vezes me segreda, “creio que tudo é eterno num segundo”. E sei que o tempo não é capaz de apagar as coisas que eternizamos no nosso agora.

Somos eternos. Sei-o no meu íntimo, que já eternizou tudo o que somos sem ter que se esforçar muito.

E também sei que a vida se vai encarregar de te mostrar o valor que tens, quando voltares a ser capaz de dar espaço à criança que tens aí dentro. Tens, que já a vi muitas vezes nos teus olhos. E posso-te assegurar que nenhuma razão do mundo tem mais força que ela.

Como diz a estimável e “hiper-conas” Mafalda Veiga (vamos ser sinceros, estava a faltar mencionar a conice nos meus textos), “pedes-me um sonho para fazer de chão, mas eu desses não tenho, só dos de voar”. Tenho esperança que um dia destes (mais uma vez, um destes mesmo) consigas abrir as asas para aproveitar o sabor do salto. Esses saltos, dos que o coração dá, são maiores do que qualquer sensatez. São esses que nos trazem os benditos elefantes na barriga e nos fazem sentir verdadeiramente nós.

Como dizia no outro dia, enquanto o mundo for mundo, nós havemos de ser nós. E esta é uma verdade de que não abdico, porque moras em mim nesta espécie de eternidade que construí cá dentro.

E porque a música aparentemente sabe dizer muito mais que eu, termino com o Tiago, que tão bem diz que “há um sítio onde o escuro não chegou pra onde podes ir”. Sabes que sítio é esse. Eu fico ansiosamente à espera que encontres o caminho certo para lá (aqui) chegar.

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