34Jesus respondeu-lhes: «Podeis vós fazer jejuar os companheiros do esposo, enquanto o esposo está com eles? 35Virão dias em que o Esposo lhes será tirado; então, nesses dias, hão-de jejuar.» (Lc 5, 33-35)
Estava a ler o capítulo 5 do Evangelho de Lucas (trabalho de casa de Jovem Redentorista!) e chamou-me à atenção esta passagem.
Agora que entrámos oficialmente em Quaresma e à nossa volta passamos a ver o pessoal todo preocupado em ir à peixaria em vez de ir ao talho, precisamos de reflectir bem sobre este assunto. O jejum, a abstinência farão sentido? Serão mesmo necessários?
Vou pegar nas palavras de Jesus: “Podeis vós fazer jejuar os companheiros do esposo, enquanto o esposo está com eles?”.
Ora aí está a resposta. Tão simples quanto isto. Para quê complicar? Na altura, os discípulos de Jesus não jejuavam, porque Jesus estava com eles. Hoje, jejuam. Se calhar é porque não têm bem a consciência de que Ele ESTÁ com eles na mesma!
Jesus continua connosco, passados dois mil anos e tal! Lá porque dois milénios é muito, não quer dizer que Ele se tenha ido embora… Continua connosco! Hoje como quando estas palavras saíram da sua boca!
Não se agarrem ao “virão dias em que o Esposo lhes será tirado”! Sim, tentaram tirá-lO das nossas vidas. E o corpo foi-se! Também queriam o quê, que durasse uns milénios largos? Hoje não O temos presente fisicamente, é verdade… mas já ouviram falar em “ressurreição”? A ressurreição é isso mesmo, a prova de que ele ficou connosco mesmo que nos tirassem a Sua vida terrena!
É verdade, Ele sofreu no corpo os nossos pecados. Devemos castigar-nos por isso? Caraças, Ele ressuscitou, acham que está preocupado com as feridas que lhe fizemos nas mãos e nos pés? Perdoem-me a expressão, mas Ele está-se a cagar para isso. Ressuscitou para nós, para nos dar vida, e para perdoar a porcaria toda que lhe fizemos. Agora eu pergunto: PARA QUÊ JEJUAR?
Para quê reduzir à carne ou ao peixe toda a graça do Seu amor? Para quê reduzir ao menu do restaurante uma coisa tão grande?
A Quaresma deve ser, no meu ponto de vista, uma preparação para a Páscoa não a nível daquilo que ingerimos mas daquilo que somos. Querem fazer jejum? Façam jejum de atitudes negativas, de egoísmos, de pecados. Não resumam o pecado àquilo que comem de errado à sexta-feira, mas às acções que não reflectem o amor-graça que Ele tem por nós.
Para que cheguem à Páscoa e não fiquem felizes porque agora as sextas-feiras vão ter um gostinho diferente e porque até já podem cantar o Aleluia de que gostam tanto. Para que cheguem diferentes ao dia “oficial”
É um conselho. Agora se a isso quiserem acrescentar uma dieta de peixe à sexta-feira, estão à vontade. Eu cá acho que vou fazer o mesmo, que em casa dos meus avós não sou eu quem decido o menu do almoço e não faço tensões de ir almoçar fora para não comer peixe.
Já agora, estou-me a lembrar de uma coisa que o padre da paróquia de S. Mamede de Infesta costuma dizer nesta altura: não interessa se é carne ou peixe, mas durante a Quaresma dou-vos a sugestão de pouparem naquilo que comem para que as “sobras” sejam bem aproveitadas. Ou seja: em vez de comerem posta à Mirandesa, comam frango no churrasco. O dinheiro que sobrar fazem com que chegue a alguém que nem frango no churrasco tem para se alimentar…
É isto que costumam fazer os meus pais nessas tais “sextas-feiras”… e assim nem estou em total desacordo. O tal menu, desta maneira, até pode fazer alguma diferença.
Estão a ver, é isto que se quer! Que se faça a diferença. Que a Quaresma não seja um conjunto de rituais vazios e de comidinha saudável, mas que seja uma dieta tão profunda que a obesidade nos deixe por completo!
6 comentários:
Ensina.me a ter um titulo de blog assim como teu maria :)
amo.te , topaz ?
eheheh... Inesita... o teu jeito de pensar é delicioso...!
é mesmo!
acaba por ser mesmo verdade... com muita "treta" anda mesmo muito boa gente a "tirar-nos" o Esposo!... e por isso tanta gente jejua, porque andam "cegos", e não O vêem, e vivem assim à sombra de um deus que não existe
Ele está mesmo connosco, também eu acredito, contigo!
Deus ressuscitou Jesus como sinal pleno de fidelidade do Amor e Comunhão com ele, como resposta à absoluta fidelidade de Jesus... como confirmação de que toda a sua vida foi Verdade, Caminho e Vida para a Festa Eterna com o Abba...
Abraço para ti,
e boa caminhada na sempre fresca redescoberta deste Jesus que sempre encanta a quem se deixa encantar por ele!...
Que ESPECTÁCULO de post!
Espero que não te importes da "marotice" que fiz, mas eu não diria melhor do que tu o fazes...
A caminho...
Um beijinho!
É verdade, é isso mesmo...
E esse é o verdadeiro jejum e abstinência de que a Igreja fala...
O resto é para acalmar consciências...
Abraço em Cristo
Olá Inês! Muito obrigado pela visita! =) Fico mesmo contente com esta hipótese de te vir a conhecer, é que tenho curiosidade não só por ti, mas também pelo trabalho que fazem no teu grupo, que pelo que vejo nos outros blogs é muito interessante! =)
Quanto ao jejum, também estou de acordo com o que dizes, quanto a ser algo que pode ser só exterior mas que depois não tem implicações na vida e na forma como se está com os outros... Mas tem um sentido, e por isso também o faço, que é o facto de fazer uma experiência de privação e sentir o estômago mais vazio, nos faz pensar que há um absoluto de Deus em nós que não pode ser preenchido com coisas exteriores e que devemos ter fome e sede D'Ele. Talvez o texto mais concreto, será os de "não só de pão vive o homem". Há coisas que nos são propostas que não devem ser só entendidas na sua exterioridade, mas que têm a ver com uma lição interior... e uma experiência assim pode fazer-nos estar muito mais atento ao porquê de pormos Deus acima das nossas necessidades.
Beijinho e bom trabalho! António
obrigado Inês, pela tua partilha! Sim, sempre na festa da Presença do Ressuscitado, só assim podemos caminhar como Discípulos e Amigos!
Cá nos vemos este fim-de-semana para o Lc5; grande abraço
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