novembro 03, 2008

    O meu olhar é nítido como um girassol.
    Tenho o costume de andar pelas estradas
    Olhando para a direita e para a esquerda,
    E de vez em quando olhando para trás...
    E o que vejo a cada momento
    É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
    E eu sei dar por isso muito bem...
    Sei ter o pasmo essencial
    Que tem uma criança se, ao nascer,
    Reparasse que nascera deveras...
    Sinto-me nascido a cada momento
    Para a eterna novidade do Mundo...

    Creio no mundo como num malmequer,
    Porque o vejo. Mas não penso nele
    Porque pensar é não compreender...

    O Mundo não se fez para pensarmos nele
    (Pensar é estar doente dos olhos)
    Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

    Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
    Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
    Mas porque a amo, e amo-a por isso
    Porque quem ama nunca sabe o que ama
    Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

    Amar é a eterna inocência,
    E a única inocência não pensar...

    Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos", 8-3-1914

3 comentários:

Anônimo disse...

Isto, ('(Pensar é estar doente dos olhos)') é mesmo belo !
Gostei de estudar Fernando Pessoa.

A verdadeira é mesmo, 'Amar é saber que vamos perdoar tudo aquela metade de nós que não é nossa.'

O homem era um visionário ! *

Inês disse...

É mesmo, lilokas...
Tão visionário que dizia que "não sabia sentir" e as palavras saíam-lhe na mesma!

Cá para mim ele sentia bem, sem saber :D

Um beijinho *

Anônimo disse...

Oi Inesita!! Nem imaginas...

...Fernando Pessoa, pronto...é aquela coisa...já nem comento...!

Mas o clip do Rei Leão...no outro dia andava à procura de um video do Rei Leão I e dei com este, que nunca tinha visto...e ouvi, vi, reouvi e revi muitas vezes..tive mesmo para o publicar... ;)
...e agora...pumba...publicas tu =) =)
hehehe...

Um beijinho grande* :D