Como foi... [2]

Beringel.
Ai, Beringel... por mim ainda lá estava!
Eu já ia preparada para uma semana numa casa velha e pequena, sem condições nenhumas, numa terra de gente pouco ligada à Igreja, que não nos ligasse puto… ia preparada para uma terra não tão boa como Albernoa, que tão boas recordações me traz… uma terra maior, menos pessoal…
E saiu-nos tudo ao contrário. Saiu-nos uma casa que estava longe de ser espaçosa, mas que era limpa, arranjada, e que com organização daria para todos. Saiu-nos uma gente de uma hospitalidade incrível, que nos preparou um jantar maravilhoso e deixou quilos de comida para nós. Deparámo-nos com uma comunidade pequenina mas empenhada em crescer na fé. Com pessoas prestáveis, sempre prontas para um Sim. Saiu-nos uma terra maior do que Albernoa, é verdade, mas ainda assim com uns campos lindíssimos nos quais pudemos saborear coisas muito bonitas.
Foi uma semana como já não tinha há muito. Daquelas em que sentimos que cada passo que damos tem um sentido. Daquelas que transformam qualquer coisa cá por dentro e nos fazem caminhar para gritar ao Mundo que a vida vale a pena.
Vivi intensamente cada dia. Nunca fui muito com semanas santas, com jejuns e abstinências, com vias sacras, com dias silenciosos porque o Jesus morreu… mas esta semana tudo isso ganhou um novo sentido. Não fizemos jejum nenhum. Mas acompanhámos cada passo da história da morte e ressurreição de Jesus, e sintonizámo-nos com cada um deles… e a verdade é que chegámos à vigília pascal e demos tudo. Cantámos, rimos, saltámos. ELE ESTÁ VIVO! ESTÁ AQUI! CONNOSCO! ALELUIA! Caramba, é mesmo ALELUIA! É de ficar sem voz!
Babei-me toda a ouvir o padre falar de nós. Perceber que fomos mesmo novidade naquela comunidade e que testemunhámos um Deus vivo, que faz falta naqueles corações, é gratificante. Porque veio tudo do coração! Cantámos com a voz, com o coração, com tudo quanto conseguimos arranjar. E foi verdadeiro. Naquele momento senti que somos grupo. Que estávamos todos para o mesmo, e estávamos todos a sentir o mesmo. Ele vive! Ele vive!
Tive ainda a sorte de poder conhecer melhor algumas pessoas que via todas as semanas mas ainda não conhecia verdadeiramente. Aliás, a minha cabeça não pára de pensar naqueles momentos todos que queria que durassem para sempre! Foi tão divertido. Senti-me tão bem com eles! Senti-me realmente em casa. Nem o facto de haver uma só casa-de-banho, duas mesas pequenas e 3 quartos para 15 pessoas o impediu. Porque quando estamos bem com os outros, o material não importa assim tanto…
Não há palavras. Quanto mais escrevo mais sinto que não estou a dizer o suficiente. Que me lembre, foi das melhores semanas que já tive. E só não digo a melhor porque sou uma sortuda e já vivi muita coisa boa.

Como diria o pai de um amigo meu,

Palavras. Unicamente versos.
(como se diz gratidão em palavras?... Como se sentem emoções em versos?)…
Eu sei! Eu vivi esta fusão!
(ainda estou a juntar pedaços dos meus dedos…)

Às vezes não tem que se dizer. Às vezes não cabe em palavras.

Abbá, Papá:
Eu sei que não cabe em palavras, mas eu teimo em tentar dizer tudo isto de alguma forma…
Obrigada.
É a única palavra que consigo arranjar para te dizer hoje.
Estou tão feliz…!
Sinto-te comigo e sinto que sou uma sortuda por ter amigos tão maravilhosos!
E sou, eu sei que sou!
Olha, mas eu queria pedir-te uma coisa…
Eu sei que a vida não são só rosas. Ajuda-me a saber ajudar quem mais precisa de mim.
Sim! Eu vim muito radiante, mas agora percebi que tenho coisas difíceis a enfrentar aqui!
Dá-me força, Abbá…
Ajuda-me a ser igual aqui e lá onde tudo era tão fácil.
Preciso de ti… agora não me largues um segundo!
Obrigada por seres comigo.
Sem ti eu não era metade.