Peguei outra vez num dos livros
que tinha na prateleira e mergulhei nele como se ali estivesse a solução para
todos os meus problemas: enquanto me ocupo com as histórias dos outros, não
penso na nossa.
Premissa errada. Ler muito só
aumenta a minha criatividade e leva a minha imaginação aos lugares mais
longínquos, mais impossíveis talvez. Também, quem me manda escolher um livro
sobre uma viagem?
Vais comigo através de cada duna do deserto do Sahara, que o
Miguel Sousa Tavares descreve na perfeição. Imagino-nos aos dois naquele jipe
de três toneladas, aventura atrás de aventura. Como seria se juntássemos a tua
sede de descoberta com a minha?
Acho que seríamos os viajantes mais loucos à face da terra.
Se eu já quase fiquei presa numa ilha que é um cemitério durante uma noite só
mesmo para aproveitar a paisagem noturna de Veneza, o que seria de nós com
tanta loucura junta?
Não sei. Talvez nunca vá saber. Talvez um dia escreva um
livro baseado nas minhas suposições, às quais vou acrescentando tantos
pormenores.
Pensava que ia ser mais fácil. Que assim que desaparecesses
da minha vida, ia iniciar esse famoso processo de esquecimento muito facilmente
– afinal, é isso que eu sou, já o ouço desde miúda – “esquecida”.
Aparentemente, o aperto não desaperta assim. Vai-se tornando maior à medida que
percebo que já não estás cá. E o meu avô já só fala de sardinhas!
Junto à minha quilométrica lista de afazeres “parecer uma
pessoa normal”, mas sem grande sucesso. As horas na redação passam a ferro e
fogo, em casa começo a descompensar e não paro um segundo. Canto todas as
músicas que me vêm à cabeça, a ver se a alegria da voz se transfere por magia
cá para dentro.
Não resulta. Afinal esse famoso processo é mais duro e mais
longo do que eu achava.
Ainda sonho que tudo isto é um sonho do qual me vais acordar
e dizer: o teu despertador é mesmo irritante.
Como é que não acordas com isto?
Um comentário:
Adorei,adoro seu blog parabéns (:
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